Cotidiano

Guiana avalia restringir entrada de cargas do Brasil por falta de reciprocidade

País vizinho é o segundo principal parceiro comercial de Roraima e, mesmo sem operação de acordo bilateral, permite ingresso de caminhões brasileiros

Caminhão com carga (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Caminhão com carga (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Autoridades da Guiana devem se reunir com caminhoneiros guianenses na manhã desta sexta-feira (3), na capital Georgetown, para discutir a possibilidade de restringir a entrada de produtos brasileiros para proteger o mercado local.

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O País é o segundo principal parceiro comercial de Roraima, atrás apenas da Venezuela. Em 2024, a nação representou 36,4 milhões de dólares das exportações do Estado, o equivalente a R$ 194,4 milhões.

Em 2025, a Guiana passou a flexibilizar a operação de empresas brasileiras de transporte de cargas e passageiros em seu território, apesar de os Países ainda não terem fechado os detalhes finais da operação do acordo bilateral firmado em 2003.

A Folha BV apurou que o governo do presidente guianense Irfaan Ali tem sido pressionado por empresários locais do setor a retaliar o Brasil por falta de reciprocidade em não permitir que caminhões guianenses deixem cargas diretamente no País, sem baldeação na fronteira.

Para a presidente da Câmara de Comércio Brasil-Guiana, Ilaine Henz, enquanto não houver o acordo, os empresários brasileiros terão que lidar com essa insegurança jurídica.

“A preocupação é gigante porque nós estamos em um momento com grande volume de grãos exportados, saindo do processo da safra. Fazer uma baldeação de carga na fronteira, do volume de produção que Roraima está tendo agora, não é viável. A gente precisa construir uma solução, dialogando, encontrando um meio termo, porque realmente isso vai gerar um impacto grande na economia do Estado”, avaliou.

A Federação das Indústrias do Estado de Roraima (Fier) informou que, embora ainda não possua informações oficiais sobre a possibilidade, ressaltou que esses “transtornos operacionais” não são um impedimento para a continuidade das relações comerciais entre os países”.

Já a Federação do Comércio (Fecomércio-RR) disse acompanhar a situação, defendeu o diálogo entre Brasil e Guiana e que os Países avancem na construção de um acordo bilateral com “segurança jurídica e condições justas para o transporte de mercadorias”.

“Os impactos da decisão do Governo Guianense devem afetar diretamente o setor do comércio de bens, serviços e turismo, tendo em vista que a Guiana é atualmente o segundo maior parceiro comercial do Estado”, pontuou.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) orientou a Folha BV a procurar o Ministério das Relações Exteriores para posição sobre o assunto. O Itamaraty, entretanto, não respondeu.

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