O café é apreciado por muitos como combustível do dia a dia, mas em algumas situações ele deixa de ser um aliado e passa a causar prejuízos à saúde. Quando insônia, palpitações, ansiedade ou sintomas gastrointestinais se intensificam junto ao consumo de café, pode ser hora de interromper o hábito, inclusive para prevenir complicações maiores.
Primeiro, é preciso entender que o impacto do café no organismo de cada um se dá por vários motivos, seja por predisposição ou por enfermidade. No caso da variabilidade genética, é dito que algumas pessoas “sentem mais” os efeitos da cafeína por conta da variante do gene CYP1A2, que torna certos indivíduos metabolizadores lentos.
Essa variante prolonga o efeito da substância no organismo e aumenta os riscos de elevação da pressão arterial. Essa diferença genética é reconhecida na literatura médica como fator de sensibilidade à cafeína.
No Brasil, estudos sobre o café e a saúde cardiovascular apontam ainda que, embora doses moderadas possam ser toleradas, o consumo excessivo pode sim impactar negativamente a pressão arterial em pessoas predispostas. A Sociedade Brasileira de Cardiologia já mantém posições orientando que o café, em doses usuais, não faça mal, mas ressalta que pacientes hipertensos devem observar os limites. Um dos parâmetros usados no Brasil indica que a dose segura de cafeína para adultos é de até 400 mg por dia, ou seja, o equivalente a cerca de quatro xícaras de café filtrado.
Outra recomendação prática observada em estudos nacionais de consumo e metabolismo de nutrientes indica que o café não deve ser ingerido imediatamente após as refeições, pois a cafeína pode interferir na absorção de minerais como o ferro.
Por conta disso, é recomendado que quem sofre de insônia recorrente, sono fragmentado, palpitações ou arritmias reduza o consumo da bebida. Sintomas gastrointestinais, como azia ou refluxo mais frequente, também costumam se manifestar em pessoas sensíveis à cafeína. A dependência é outro alerta: dor de cabeça, irritabilidade ou fadiga marcante quando o café é interrompido indicam que o organismo já exige a substância para funcionar normalmente.
Casos clínicos mais delicados reforçam a necessidade de cautela: pessoas com hipertensão arterial não controlada, histórico de arritmias, doença coronariana instável, gastrite grave, refluxo ou úlcera péptica devem considerar suspender completamente o consumo de café até que seu quadro esteja sob controle.
Mas vale ressaltar que desistir do café não precisa significar queda de energia. Opções como chás verdes ou brancos (com menor teor de cafeína) ou infusões sem cafeína (como rooibos, camomila, gengibre ou cúrcuma) são alternativas viáveis.
Também vale investir em práticas que estimulem o organismo de forma natural: exposição à luz solar pela manhã regula o relógio biológico; e pequenas caminhadas, alongamentos ou exercícios respiratórios ajudam a renovar a disposição sem os efeitos colaterais da cafeína.