O juiz federal Diego Carmo de Sousa revogou a suspensão do concurso público da Guarda Civil Municipal (GCM) de Rorainópolis e julgou improcedente uma ação que pretendia anular a prova objetiva. Com isso, o certame poderá continuar a partir do resultado da avaliação psicológica, publicado em 14 de fevereiro.
A Fundação Ajuri informou que está adotando as medidas para a continuidade do certame, notificou a Prefeitura de Rorainópolis e aguarda retorno formal para elaborar um novo cronograma das etapas seguintes. Já a Prefeitura confirmou que adota as providências administrativas com a banca organizadora para dar sequência à seleção.
A Folha BV questionou se o Ministério Público Federal (MPF), autor da ação, pretende recorrer e aguarda retorno.
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Na ação, o MPF alegava falhas graves, como ausência de fiscais, candidatos usando materiais pessoais, suposto vazamento de gabarito e indeferimento irregular da inscrição de uma candidata com deficiência.
No entanto, o magistrado do caso entendeu que não houve provas suficientes de fraude que comprometesse a lisura geral do concurso.
“Não é possível concluir que alegações sem suporte probatório importem em nulidade do certame”, destacou.
Sousa analisou cada suposta irregularidade e concluiu que:
- O episódio do cartão-resposta levado por candidata e publicado nas redes sociais não impactou o resultado, já que ela foi desclassificada e não havia como os demais concorrentes acessarem as informações durante a prova;
- Não houve indícios de colas ou trocas de gabarito em relação à falta de fiscais em algumas salas; e
- A exclusão de candidata PcD ocorreu por falhas no envio da documentação exigida pelo edital, sem comprovação de recurso posterior.
Candidatos comemoram decisão
Um grupo de candidatos aprovados celebrou a decisão em entrevista à Folha BV. A estudante Andria Souza Silva, de 25 anos, disse que dedicou mais de dois anos de estudo para passar no certame, sacrificando tempo que teria com a própria filha, de quatro anos, para atingir o objetivo. Segundo ela, os oito meses de paralisação do concurso representaram “caos”, “atraso” e “desmotivação” para os postulantes às 40 vagas.
“Muitos de nós deixamos emprego, mudamos a rotina totalmente. Candidatos se prepararam intensamente. Então, toda essa suspensão gerou um caos para nós como candidatos. Com essa vitória, ficamos até sem palavras”, declarou.
O autônomo Igor Gouvea, 22, por sua vez, precisou conciliar os estudos com a função de motorista de aplicativo e disse que a decisão é uma vitória diante da frustração que sentiu pelo atraso no primeiro concurso em que conseguiu aprovação.
“Estou bastante feliz com essa vitória que a gente teve. Isso representa muito pra gente. A gente fica pensando que, por ter paralisado bastante tempo, tinha aquela sensação de que o certame não ia voltar, mas deu certo”, disse.