Nos últimos dias, a saúde pública brasileira acendeu um alerta sobre intoxicações por metanol decorrentes de bebidas alcoólicas adulteradas e é justamente na prevenção e no reconhecimento rápido dos sinais que reside a capacidade de evitar desfechos graves. No estado de São Paulo, por exemplo, investiga-se uma série de casos suspeitos, em meio aos quais já foram confirmadas três mortes e vários internamentos sob apuração.
Um dos primeiros equívocos a corrigir é a história de que se pode “farejar” metanol em bebidas adulteradas. Segundo especialistas, isso é praticamente impossível. O metanol é um álcool incolor e não altera significativamente o cheiro ou o sabor da bebida. É dito que o aroma do “álcool comum” costuma mascarar qualquer traço que o metanol pudesse deixar. Ou seja, quem consome muitas vezes não percebe que está ingerindo algo tóxico.
Em contrapartida, os sintomas da intoxicação por metanol merecem atenção imediata: geralmente surgem entre 12 e 24 horas depois da ingestão, embora possam aparecer mais cedo ou mais tarde. Os sinais iniciais podem ser pequenos desconfortos digestivos como náuseas, vômitos, dor no abdome, seguidos por dor de cabeça intensa, sudorese excessiva, agitação ou confusão mental.
Em muitos casos, o quadro progride para taquicardia, respiração acelerada e alterações no estado de consciência com indícios de que o organismo está sob estresse metabólico e, sobretudo, o sintoma mais alarmante: visão turva ou mesmo perda súbita da visão, que pode evoluir para cegueira permanente.
O Ministério da Saúde orienta que em caso de aparecimento de qualquer desses sinais após a ingestão de bebida alcoólica, é fundamental tratar o caso com urgência médica. A recomendação é que o paciente seja levado imediatamente a um serviço hospitalar e que profissionais acionem os canais especializados de toxicologia, como o Disque-Intoxicação (Anvisa) no número 0800 722 6001. Os protocolos visam acelerar o reconhecimento dos casos e permitir intervenções mais eficazes.
O método definitivo de confirmação é feito por meio de análise de níveis de metanol, metabólitos como ácido fórmico e exames de acidose metabólica, mas muito antes disso os indícios clínicos podem aparecer. É dito que a rapidez no início do tratamento faz a diferença entre sequelas graves e um desfecho fatal.
Saiba o que fazer em caso de suspeita
Em primeiro lugar, comprar bebidas alcoólicas apenas em estabelecimentos de confiança, com cadeias de distribuição regulamentadas e comprovada legalidade. Verifique se as embalagens estão íntegras como lacre intacto, rótulo bem colado, selos, data de validade e código de lote.
Também é importante manter guardadas as evidências da bebida consumida em suspeita, como garrafas, rótulos e lacres, para eventual perícia da vigilância sanitária. É recomendável também que bares e pontos de venda suspendam imediatamente a comercialização de lotes suspeitos e comuniquem às autoridades competentes (Vigilância Sanitária, Procon, polícia) para que se inicie investigação.