As discussões em torno dos impactos psicológicos do excesso de exposição e de informações nas redes sociais têm ganhado cada vez mais espaço em debates relacionados à saúde mental. Sintomas como ansiedade, depressão, distúrbios do sono e até ideações suicidas estão entre os riscos apontados para quem ultrapassa os limites, conforme a professora do curso de Psicologia do Centro Universitário Estácio da Amazônia, Mirlem Rodrigues.
Segundo a psicóloga, o imediatismo da vida moderna e a constante comparação com padrões idealizados e expostos nas redes sociais funcionam como gatilhos emocionais nocivos. “Esses comportamentos afetam a autoestima e podem levar a condutas de autolesão, chegando de forma mais extrema às ideações suicidas e até ao autoextermínio”, explica.
Mirlem lembra que o ato de se comparar é um processo humano natural, mas alerta que o problema começa quando a comparação social desperta sentimentos de inferioridade, inveja, ciúmes ou frustração. “Ao invés de focar no próprio desempenho e crescimento, a pessoa passa a viver uma competição constante com os outros, o que promove um processo de adoecimento mental”, destaca.
A professora ressalta ainda que a busca incessante por curtidas, comentários e reconhecimento pode gerar dependência emocional. “Cria-se um ciclo de angústia e ansiedade ligado à pressão por validação. Quando a resposta idealizada não vem, surgem sentimentos de inadequação e frustração”, explica.
Esse fenômeno está diretamente ligado à superexposição a conteúdos de sucesso, felicidade e padrões de vida considerados “perfeitos”. De acordo com a professora, as imagens filtradas e inalcançáveis acabam comprometendo a auto imagem e intensificando a sensação de fracasso.
Entre os mais impactados estão os jovens, altamente expostos ao ambiente digital. Para eles, a professora defende a importância do pensamento crítico e do letramento digital como formas de diferenciar informações úteis de conteúdos nocivos. “Verificar a credibilidade das fontes, buscar evidências e analisar o conteúdo de forma completa são estratégias fundamentais para reduzir os riscos psicológicos”, orienta.
RISCOS INVISÍVEIS
No mês dedicado à prevenção do suicídio, a psicóloga afirma que a reflexão se torna ainda mais urgente. “O comparativo social, quando aliado ao uso desenfreado das redes sociais, pode fomentar uma sensação de desespero e fracasso, aumentando as possibilidades de ideação suicida”, alerta a professora.
Para lidar com esses efeitos, Mirlem recomenda práticas simples, mas que ele considera que são eficazes. Entre elas, estão a criação de uma rotina digital equilibrada, a desativação de notificações e estabelecer limites de tempo para o uso das redes sociais. A professora também sugere a realização de períodos de “detox digital”, a priorização de conteúdos relevantes e a busca por outras formas de entretenimento. Além disso, destaca a importância do autocuidado e lembra que a vida online não reflete plenamente a realidade cotidiana.
“É essencial estar consciente das próprias reações e evitar a armadilha da comparação constante. O amor-próprio e o autocuidado são ferramentas poderosas para preservar a saúde emocional”, reforça.