Em Roraima, onde dinheiro circula na cueca de políticos, o que reverberou até agora da manifestação contra a PEC da Blindagem, realizada no domingo em todo o país, foi o ato de jovens manifestantes, em frente ao Portal do Milênio, que queimaram a foto dos sete deputados federais que votaram favorável à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que ampliava imunidades para parlamentares e presidentes de partido, chamada também de PEC da Bandidagem.
O recado dado nas ruas durante manifestações em todos os estados brasileiros expôs o tiro no pé dado pelos deputados federais, incitados pelo Centrão e a extrema direita, e desnudou a verdadeira face de um movimento que tem como pauta apenas o interesse de uma família, que não mede consequências em atentar contra a soberania do país, e de políticos que querem proteção ampla e irrestrita para que não sejam alcançados pela Justiça no cometimento de crimes, confundindo imunidade com impunidade.
Desnudados pela opinião pública, não restou dúvida ao Senado para arquivar sumariamente a PEC da Blindagem, inclusive com discursos duros apontando que a finalidade era blindar parlamentares federais, estaduais, distritais e presidentes de partido para que tivessem imunidade para o cometimento de quaisquer tipos de crime, abrindo portas para que o crime organizado também pudesse entrar definitivamente para a política partidária em busca desse escudo intransponível.
O movimento extremista tentou inclusive atropelar a História, esquecendo que quase duas décadas e meia atrás ocorreu um movimento popular que pressionou os parlamentares a elaborarem uma pauta ética para melhorar a imagem do Congresso que andava enredado com escândalos. Então, em 2001, foi aprovada a PEC que acabou exatamente com a imunidade parlamentar de forma ampla, como os deputados federais queriam atualmente 24 anos depois. Naquele ano, em votação histórica, 442 deputados federais votaram para acabar com o privilégio, com duas abstenções e apenas um único voto contra.
Então, fica comprovado, mais uma vez, que os políticos e a elite em geral só temem uma coisa: um povo que desperta e que se revolta com a forma de se fazer política e com a exploração a que é submetido. É por isso que o ato de queimar fotos dos deputados federais em Roraima foi o que mais provocou reações. Porque eles temem um incêndio maior que possa despertar as pessoas. O Senado não hesitou em apagar o fogo antes que se alastrasse além das fotos queimadas no Extremo Norte brasileiro.
*Colunista