Saúde e Bem-estar

Reclamar muito pode prejudicar o seu cérebro: o que dizem a psicologia e a neurociência

Reclamar em excesso ou até mesmo ouvir reclamações por longos períodos pode desencadear a liberação de hormônios do estresse

Reclamar muito pode prejudicar o seu cérebro: o que dizem a psicologia e a neurociência

Reclamar não é apenas uma expressão de insatisfação. Quando vira hábito, passa a moldar o cérebro de forma que pensar no negativo se torna automático, influenciando memória, humor, saúde mental e até física.

Um estudo publicado na Universidade de Stanford conectou a reclamação crônica e o estresse à redução do hipocampo, uma região do cérebro vital para a memória, o aprendizado e a regulação emocional. 

A pesquisa levantou que reclamar em excesso ou até mesmo ouvir reclamações por longos períodos, cerca de 30 minutos ou mais, pode desencadear a liberação de hormônios do estresse, como o cortisol, que contribuem para esse dano físico. Esse processo, conhecido como neuroplasticidade, pode criar padrões habituais de pensamento negativo e aumentar a vulnerabilidade a problemas de saúde relacionados ao estresse.

Ou seja, cada vez que nos fixamos em queixas ou problemas, ativamos circuitos neurais ligados ao negativo, que vão se fortalecendo. Quanto mais usamos certos caminhos mentais, mais fácil fica tornar essa ação um padrão, em vez de notar o que vai bem.

Além disso, reclamar muito mantém o organismo em estado contínuo de alerta. Essa ativação constante aciona o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, liberando cortisol, o hormônio do estresse.  Altos níveis de cortisol, quando prolongados, prejudicam o funcionamento do córtex pré-frontal, região cerebral responsável pelo raciocínio, tomada de decisão, regulação emocional e controle da atenção. 

Assim, a memória, concentração e aprendizagem ficam comprometidas, uma vez que o hipocampo passa por modificações estruturais como redução de novas células nervosas ou atrofia de conexões sob estresse crônico. 

Por fim, reclamar com frequência também favorece o pensamento repetido nos mesmos problemas, o que eleva risco de ansiedade e depressão.  No convívio com outras pessoas, a reclamação contínua pode gerar um efeito de contágio emocional: quem escuta tende a ativar respostas semelhantes de emoção negativa no próprio cérebro. Isso pode desgastar vínculos, gerar tensão, diminuir a qualidade das interações e até levar ao isolamento. 

Por sorte, os caminhos neurais formados pela reclamação podem ser “reconfigurados”. Algumas práticas com respaldo científico podem ajudar a romper esse ciclo negativo, entre elas, os exercícios de gratidão, como escrever diariamente coisas boas que aconteceram, contribuem para fortalecer circuitos de bem-estar.

Outras ações envolvem práticas de mindfulness ou atenção plena para melhorar o controle emocional; terapias cognitivas que ajudam a trocar pensamentos automáticos negativos por visões mais equilibradas e a atividade física regular, que está associada à redução de estresse, liberação de neurotransmissores positivos e melhoria da resiliência cerebral.

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