AGENDA DA SEMANA

Terras raras podem ser ‘salvação da pátria’, mas exploração depende de legislação, avalia geólogo

Segundo Salomão Cruz, terras raras em Roraima podem tornar o Brasil estratégico no mercado global, mas exploração depende de regulamentação, tecnologia e cuidado ambiental

Salomão Cruz, geólogo, durante entrevista no Agenda da Semana. Foto: estúdio/FolhaFM
Salomão Cruz, geólogo, durante entrevista no Agenda da Semana. Foto: estúdio/FolhaFM

As terras raras, minerais fundamentais para a transição energética e a indústria de alta tecnologia, podem colocar o Brasil em posição estratégica no cenário global. Em entrevista ao Agenda da Semana deste domingo (14), o geólogo Salomão Cruz afirmou que o país, especialmente Roraima, possui reservas expressivas, mas que a ausência de regulamentação específica impede o avanço da exploração.

“Há muito otimismo com relação à questão das terras raras em Roraima, pela extensão da área, pela localização e pelos teores elevadíssimos. […] Acham-se que será o salvador da pátria, na questão brasileira de terras minutas, além daqui, Goiás e Minas Gerais, afirmou Cruz. No entanto, “não existe uma legislação brasileira específica para a exploração da terra rara em consequência da questão do mineral radioativo. Outros minerais explorados não têm esse problema, mas a terra rara precisa de uma legislação apropriada”, explicou.

Atualmente, a legislação aplicada no Brasil é o Código de Mineração de 1967. Nesse cenário, desde 2021 tramita no senado o PL 2.210, de autoria do senador Chico Rodrigues (PSB-RR) e relatoria do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), que cria a Política Nacional de Fomento ao Desenvolvimento Tecnológico da Cadeia Produtiva dos Minerais Componentes dos Elementos Terras-Raras (PADT).

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Conforme Salomão, o deputado federal defensor Stélio Dener também apresentou na Câmara projeto semelhante, que busca regulamentar a exploração e criar normas ambientais específicas.

Outros fatores

Além da regulamentação, existem outros desafios para a exploração das terras raras no Brasil. Entre eles, a falta de tecnologia nacional para transformar o minério em terra rara metálica, utilizada na indústria de alta tecnologia.

“São poucos estados que têm essa tecnologia. A China, Estados Unidos, Austrália, França e Malásia dominam a produção de terra rara metálica. O Brasil produz muito pouco; este ano, apenas 2 mil toneladas, enquanto a China produz 120 mil toneladas. Esse é o grande desafio tecnológico que precisamos superar”, explicou Cruz.

Outro ponto crítico é o impacto ambiental. A extração das terras raras envolve minerais radioativos, como tório e urânio, que exigem cuidados rigorosos. “Para liberar a terra rara metálica, você usa ácidos e bases muito fortes, que se não tiver cuidado, podem contaminar o ar, o solo e a água. Esse é um cuidado fundamental”, alertou.

Terras raras em Roraima

Complexo Barreira fica localizado no município de Caracaraí – Foto: Reprodução

Roraima se tornou destaque nos últimos dias com o anúncio dos resultados das pesquisas do Complexo Mineral Barreira, que apontou a existência de terras raras em níveis altíssimos. A área, localizada em Caracaraí, possui cerca de 130 mil hectares, mas ainda depende de licenças do município e da Femarh (Fundação Estadual de Recursos Hídricos e Meio Ambiente) para exploração em maior escala.

Segundo Salomão Cruz, a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) já havia identificado áreas promissoras em Roraima desde 2010.

A entrevista completa está disponível no canal da rádio Folha FM 100.3 no YouTube.

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