
Juntar ciência e empreendedorismo não foi um problema para a RoraiFrut, agroindústria de polpas de frutos nativos da Amazônia, para fazer sucesso durante o Amazontech 2025. A empresa apresentou o suco de camu-camu, além de polpas de açaí e buriti, e saiu do evento com R$ 12.250 em vendas.
Segundo Isabel Garcia, sócia-administradora da empresa, a ideia é uma inovação para mostrar o potencial do fruto, que é encontrado nas beiras dos rios de Roraima. Estudos já comprovaram que o camu-camu, também conhecido como caçari, tem altíssimo teor de vitamina C.
“Embora o camu-camu seja bastante conhecido no exterior, principalmente na Europa, aqui no Brasil ainda temos pouco conhecimento sobre a importância agronômica, nutritiva e agroindustrial que ele tem. Sempre soubemos que ele teria um grande potencial e que precisávamos valorizar essa espécie nossa, principalmente pelo diferencial nutricional que ele oferece”, disse Isabel.

Blends pensados para encantar
A empreendedora conta que para o Amazontech, ela e a sócia, Gabriella Carvalho, pensaram no suco como “forma mais viável para que as pessoas pudessem ter um contato de consumo leve e instigar o gosto pelo fruto”. Por isso, a RoraiFrut apresentou quatro blends de suco com camu-camu: o suco do fruto puro, com morango, com pitaya e com morango e limão.
A novidade fez a empresa vender 550 copos de suco, totalizando R$ 8.250. Outros produtos como batidas de açaí e buriti renderam R$ 4 mil.



“Fizemos um suco bem elaborado, com bom equilíbrio das frutas, para que o camu-camu sobressaísse. Além disso, colocamos dois frutos dentro do suco, para que quando as pessoas terminassem de consumir, pudessem degustar o fruto in natura e entender o sabor cítrico devido à acidez e também ao teor de tanino presente na casca”, explicou.
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Ciência aplicada ao empreendedorismo
O trabalho com camu-camu começou em 2009, quando Isabel e sua sócia Gabriela Carvalho, ambas engenheiras agrônomas, participaram de pesquisas científicas da Embrapa Roraima mapeando genótipos, criando protocolos de beneficiamento e mantendo um banco experimental de germoplasma. Todo o estudo é desenvolvido pelo pesquisadores doutores Edvan e Pollyana Chagas.
“Eles começaram o mapeamento das áreas, a distribuição geográfica e a identificação de genótipos promissores aqui em Roraima. Eu consegui uma bolsa de iniciação científica e comecei a trabalhar em projetos com o camu-camu, estudando desde a distribuição geográfica até o crescimento inicial, tipos de propagação e adaptação em terra firme. Hoje temos um banco experimental de germoplasma com genótipos identificados desde aquela época até hoje”, relembra Isabel.
A empresária ainda afirma que desde então sabe do potencial do fruto para saúde e para o mercado roraimense. “A ciência nos permitiu desenvolver processos exclusivos que garantem sabor, nutrientes e qualidade superior”, explicou.

Conexão com comunidades e sustentabilidade
A partir de uma base de dados, a dupla empreendedora mantém parcerias com comunidades ribeirinhas e extrativistas locais. A meta é se preparar para vender em maior quantidade em 2026, gerando renda e promovendo consciência ambiental e preservação da floresta.
“Esse ano estruturamos a cadeia de produção extrativista, identificando os extrativistas que iriam trabalhar conosco, fazendo pesquisa comercial sobre demanda, produtos e formatos”, disse. “Todas as pessoas que trabalham conosco recebem valorização. Não só geramos renda, mas mostramos a importância da sustentabilidade, do respeito ao meio ambiente e de manter a floresta em pé. Todo nosso resíduo é transformado em ração animal, compostagem e auxiliamos produtores locais na capacitação técnica. Produzimos entre 15 e 20 toneladas de material por semana, e não queremos descartar nada, evitando emissão de CO2 e contaminação de nossos aquíferos”, completou a especialista.
Roraima como território de inovação
Para Isabel, Roraima é um território de inovação, sabor e sustentabilidade, onde ciência, empreendedorismo e preservação ambiental se encontram para criar produtos únicos. A oportunidade de destacar o camu-camu para o mercado nacional e fortalecer no internacional foi essencial para potencializar a agroindústria.
“Amazontech foi o momento perfeito para mostrar nossa conexão entre ciência, indústria, comunidades e sustentabilidade. Reunimos tudo: a experiência científica com o camu-camu, a expertise na cadeia de beneficiamento e processamento, e estratégias de marketing e contato com o consumidor através do suco. Nosso objetivo é gerar renda para comunidades extrativistas e consolidar o camu-camu como produto inovador no mercado nacional e internacional”, concluiu Isabel.