
Pela primeira vez após assumir o cargo, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, veio a Roraima para visitar o primeiro Centro de Referência em Saúde Indígena (CRSI Xapori Yanomami), localizado em Surucucu, no Território Yanomami. A visita ocorreu neste sábado (6) e acompanhou a estrutura da unidade, os equipamentos já instalados e o início dos atendimentos.

O ministro destacou que a unidade é fruto de uma parceria do Ministério da Saúde, da Central Única das Favelas (CUFA) e da Target, organização internacional alemã, e que permitiu atender rapidamente a população Yanomami.

“Ela nos ajudou em um momento muito difícil, quando estávamos interrompendo o verdadeiro genocídio do povo Yanomami que estava acontecendo aqui na região, no esforço de reconstrução das unidades”, afirmou.
Padilha ressaltou que a unidade possibilita realizar exames no próprio centro, evitando transferências aéreas para Boa Vista. “O médico me contou, por exemplo, que não precisou transferir um paciente com suspeita de dor abdominal. Pelo ultrassom, conseguiu verificar que a pessoa não tinha apendicite, pedra na vesícula ou pedra nos rins”, explicou, destacando que isso evita complicações logísticas devido às condições climáticas.
O ministro enfatizou a estrutura da unidade e os serviços oferecidos. Ele destacou que o centro conta com ultrassom de abdômen, pulmão e vasos, exames ginecológicos no pré-natal, estrutura para partos e internação, além de equipamentos para reanimação cardiovascular e ventilação mecânica.

“Aqui é possível realizar ultrassom de abdômen, de pulmão, de vasos, exames ginecológicos em gestantes no pré-natal. Existe estrutura adequada para partos e também para internação de pacientes, se necessário”, afirmou.
Resultados e impacto na população Yanomami
Padilha afirmou que os resultados já são visíveis, com redução significativa de óbitos evitáveis na região. “Estamos registrando uma redução de 85% nos óbitos evitáveis. Comparando os dados de 2025 com os de 2023, houve redução de 75% nos óbitos por desnutrição e de 63% nos óbitos por malária”, detalhou.
O ministro explicou que o polo de Surucucu também funcionará como base para os demais subpolos da Terra Yanomami. “O nosso cálculo é que 22 subpolos possam procurar essa unidade. Este polo, por conta da pista de pouso, serve de base para os demais. Profissionais de saúde e cargas chegam aqui para depois serem deslocados a outros polos”, disse. Ele acrescentou que, assim, a unidade permitirá cuidar dos pacientes mais próximos de suas comunidades, com menor custo e mais efetividade nos investimentos em saúde.
Júnior Hekurari, líder da Hutukara Associação Yanomami, destacou a importância da unidade para o povo Yanomami. “Estamos muito felizes com essa estrutura que foi construída e também agradecemos muito a sociedade brasileira que contribuiu para acontecer essa grande obra e essa construção”, afirmou.

Sobre o número de beneficiados, Júnior informou que aproximadamente 13 mil indígenas de 180 comunidades serão atendidos diretamente.
Funcionamento e construção da unidade


O médico clínico geral Gileno Magalhães explicou como funciona o atendimento da unidade. Ele contou que todos os pacientes que necessitam de remoção são inicialmente estabilizados.

“Aqui nós somos uma unidade de atuação básica. Todo e qualquer atendimento que é feito, solicitação de remoção, é feito com socorrista até a aldeia dele, onde ele vem de helicóptero. Chegando aqui, se for um paciente com malária grave, ou de repente um paciente que veio devido a violência ou qualquer outro problema de saúde, a gente estabelece ele aqui”, detalhou.
“Após estabilizado, aí sim, se houver necessidade, fazemos a remoção até Boa Vista. A remoção sempre conta com o acompanhamento do médico, que vai junto e também no socorrista”, complementou.
Brayan Reys, gestor de projetos da Target Ruediger Nehberg, explicou a complexidade da obra e a metodologia utilizada. Ele destacou que cada detalhe foi pensado para respeitar a cultura Yanomami.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
“O projeto foi feito a várias mãos. Nós tivemos 60 dias apenas para fazer todo o planejamento disso aqui. É uma obra muito complexa. Ela teve que acontecer em um curto espaço de tempo, tendo em vista a emergência anômica que aqui estava. Essa metodologia construtiva, o Light Steel Frame, que a gente conseguiu embarcar aqui dentro. A primeira obra dentro de área indígena com essa metodologia”, contou.

O governador de Roraima, Antônio Denarium, também esteve presente durante a visita ao Centro e destacou a parceria entre governo federal e estadual na atenção à saúde indígena. Ele explicou que casos de média e alta complexidade são responsabilidade do governo estadual, enquanto o governo federal mantém os polos e atenção básica.
Conforme explicou a assessoria do ministro, a unidade já recebeu parte dos equipamentos e os atendimentos iniciais começaram, e a inauguração oficial será realizada em breve.