CULTURA E SUSTENTABILIDADE

Ciência e tecnologia na xícara de café: degustação guiada destaca cafés robusta amazônicos

Amazontech 2025 trouxe para Boa Vista uma experiência sensorial e científica com cafés robusta da Amazônia produzidos em Rondônia

Vindos de Rondônia, a equipe de pesquisadores e especialistas da Embrapa apresentou seis perfis diferentes de cafés naturais e fermentados. Foto: Nilzete Franco/FolhaBV
Vindos de Rondônia, a equipe de pesquisadores e especialistas da Embrapa apresentou seis perfis diferentes de cafés naturais e fermentados. Foto: Nilzete Franco/FolhaBV

Uma degustação guiada sobre cafés robusta amazônicos mostrou a importância da ciência e da tecnologia na produção agrícola e destacou a Amazônia como território de inovação e sabores únicos. O evento, realizado neste sábado (6) na Macchiato Casa de Cafés, em Boa Vista, fez parte da programação do Amazontech 2025.

Vindos de Rondônia, a equipe de pesquisadores e especialistas da Embrapa apresentou seis perfis diferentes de cafés naturais e fermentados, evidenciando como o perfil de torra e o terroir amazônico – que são fatores naturais e humanos, como clima, solo, topografia e práticas de cultivo – transformam aromas e sabores. Além das bebidas tradicionais, os participantes experimentaram uma infusão feita a partir das cascas do café e um cookie elaborado com a farinha da casca, demonstrando formas alternativas de aproveitamento do fruto.

Foto: Nilzete Franco/FolhaBV

Para o pesquisador da Embrapa Rondônia, Henrique Alves, a experiência foi uma oportunidade de reforçar o valor científico da produção local.

“Tem muita ciência e tecnologia por trás da xícara de café. Novos processos, seja na produção, na pós-colheita, na torra ou na extração, podem modificar a qualidade e as características do café. Estamos apresentando um produto novo, com aromas e sabores diferentes, que são os robustas amazônicos”, destacou.

Henrique apontou ainda que esses cafés possuem reconhecimento internacional e que a programação do Amazontech reforça como a ciência aplicada impacta o cotidiano.

Henrique Alves, pesquisador de café robusta amazônico da Embrapa Rondônia. Foto: Nilzete Franco/FolhaBV

“Esses cafés tiveram origem na África, mas se diferenciaram em um centro de origem amazônico, reconhecido em 2021 como a primeira indicação geográfica para cafés robustas sustentáveis do mundo. Isso porque se tornaram geneticamente distintos devido ao terroir amazônico, conferindo nuances sensoriais únicas”, disse o pesquisador. “No caso do café, que é a bebida mais consumida do mundo, os robustas amazônicos mostram como a ciência produzida na Amazônia pode gerar renda e qualidade de vida sustentável para agricultores da região”, completou.

Voz do produtor

Também presente na atividade, Poliana Perrut, liderança do Movimento Mulheres do Café de Rondônia e consultora do Projeto Tribus, ressaltou o papel transformador da cafeicultura na região e a importância de compartilhar experiências com outros estados da Amazônia.

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Poliana Perrut, liderança do Movimento Mulheres do Café de Rondônia e consultora do Projeto Tribus. Foto: Nilzete Franco/FolhaBV

“O café especial trouxe muito desenvolvimento para Rondônia, principalmente para as Matas de Rondônia. O que nós gostaríamos é de replicar isso em outros estados da Amazônia. Aqui é um excelente lugar para falar dessa possibilidade. Roraima já tem algumas iniciativas, o Amazonas e o Acre também, e a gente precisa avançar, trazendo o que aprendemos, tanto os acertos quanto os erros, para que outras regiões possam evoluir mais rápido”, pontuou a também cafeicultora.

Segundo ela, o contato direto com os produtores é o que mais fortalece a troca de conhecimentos, principalmente quando vem de produtores indígenas. Algo que Celesty Suruí, primeira barista indígena do Brasil, presente no evento, também destacou:

Celesty Suruí, primeira barista indígena do Brasil. Foto: Nilzete Franco/FolhaBV

“O povo sempre trabalhou com café e eu vi que faltava uma pessoa para representar meu povo, falar através do café, as histórias, a nossa realidade dentro da comunidade porque as pessoas precisam saber como que é, como que é a realidade indígena. Então, eu uso hoje o café como uma ferramenta de poder ser a voz do meu povo”, afirmou a jovem que é barista há quatro anos e integrante do projeto Tribus.

Degustação em Boa Vista é valorização

Para a anfitriã da atividade, Renata Albuquerque, proprietária da Macchiato Casa de Cafés, o evento representa um marco para o estado. “Falar sobre café especial em Roraima é algo inédito, porque traz realmente uma degustação guiada com os cafés robustos da Amazônia. O café tem essa ligação: ele consegue trazer união entre várias pessoas. Não é só o cafezinho que a gente toma, o café tem toda uma ciência e uma cadeia produtiva que é importante valorizar”, disse.

Renata lembra que Rondônia é referência nacional em cafés robusta amazônicos. A experiência proporcionada pelo Amazontech, de trazer empreendedorismo, tecnologia e sustentabilidade, também proporciona conhecimento de práticas de outras regiões.

Renata Albuquerque, proprietária da Macchiato Casa de Cafés. Foto: Nilzete Franco/FolhaBV

“Receber a equipe de Rondônia em Roraima, com toda a expertise, traz essa experiência. Isso é muito importante porque agrega demais à aprendizagem. Eu gosto sempre de reforçar que Macchiato vem para ‘cafequizar’ as pessoas. Então a gente precisa realmente mostrar o sabor real do café. E a gente consegue fazendo isso educando”, finalizou.

A degustação guiada de cafés robusta amazônicos, como parte da programação do Amazontech 2025, foi organizada pela Embrapa, em parceria com Sebrae Roraima, Universidade Federal de Roraima (UFRR) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Roraima (Faperr).

Veja mais fotos da degustação

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