Nos últimos anos, médicos, nutricionistas e pesquisadores vêm reforçando um alerta importante: os hábitos alimentares construídos na infância acompanham a pessoa por toda a vida. Estudos mostram que crianças expostas com frequência a alimentos ultraprocessados — como refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos, embutidos e fast-foods — têm maior risco de desenvolver obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e até problemas emocionais e cognitivos na vida adulta.
Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, ultraprocessados são formulações industriais que combinam ingredientes como açúcares, gorduras, aditivos químicos e conservantes, com pouco ou nenhum alimento fresco em sua composição. Embora práticos e muito atraentes pelo sabor, eles tendem a ser pobres em nutrientes essenciais e ricos em calorias vazias.
O impacto desde cedo
Na infância, o organismo está em desenvolvimento acelerado, o que torna a qualidade da alimentação ainda mais decisiva. “Quando a criança cresce consumindo mais frutas, verduras, legumes e grãos, ela cria uma relação natural com esses alimentos e carrega esse padrão para a vida adulta”, explica a nutricionista infantil Carla Monteiro. Já o consumo frequente de ultraprocessados pode gerar dependência de sabores muito doces e salgados, dificultando a aceitação de opções mais naturais.
Caminhos para reduzir o consumo
- Evitar os ultraprocessados não significa eliminar todo e qualquer alimento pronto, mas adotar estratégias que priorizem opções frescas e minimamente processadas:
- Oferecer desde cedo frutas, verduras e legumes de diferentes cores e sabores, estimulando a curiosidade da criança.
- Dar o exemplo: pais e responsáveis que mantêm hábitos alimentares equilibrados influenciam diretamente na escolha dos filhos.
- Planejar refeições: preparar marmitas, lanches e até versões caseiras de bolos e pães reduz a necessidade de recorrer a produtos prontos.
- Ensinar sobre comida: envolver a criança no preparo dos alimentos e explicar de onde eles vêm cria consciência alimentar.
- Evitar recompensas com doces: associar alimentos ultraprocessados a prêmios pode reforçar o desejo por eles.
O futuro mais saudável
Ao limitar os ultraprocessados na infância, os pais não apenas ajudam a prevenir doenças crônicas, mas também favorecem o desenvolvimento cognitivo, a concentração escolar e o equilíbrio emocional. A Organização Mundial da Saúde reforça que escolhas alimentares equilibradas desde os primeiros anos são uma das medidas mais eficazes para garantir uma vida adulta mais saudável e ativa.
Em um cenário onde os índices de obesidade infantil crescem no Brasil e no mundo, investir em uma infância com menos ultraprocessados é, cada vez mais, uma forma de cuidado preventivo e de promoção de saúde a longo prazo.