Conhecer uma pessoa nem sempre é tão simples, especialmente quando elas assumem, constantemente, o papel de vítima. Esse padrão de comportamento, conhecido na psicologia como vitimismo, pode ser desgastante tanto para quem o vivencia quanto para quem está ao redor. Mas o que está por trás dessa postura e como agir diante dela?
Especialistas explicam que pessoas com comportamento vitimista tendem a se enxergar como alvos constantes das injustiças do mundo. Elas acreditam estar sempre em desvantagem, terceirizam responsabilidades e raramente reconhecem seus próprios erros. Em muitos casos, qualquer crítica ou dificuldade vira motivo para queixas e lamentações, quase sempre acompanhadas da busca por validação externa.
De acordo com entidades como a American Psychological Association (APA), esse comportamento pode estar associado a uma série de fatores emocionais, incluindo baixa autoestima, experiências de rejeição, traumas não elaborados e até transtornos como depressão ou transtorno de personalidade borderline.
O vitimismo não é, necessariamente, um comportamento consciente. Muitas vezes, ele surge como uma forma de conseguir atenção, afeto ou acolhimento, que são necessidades emocionais profundas que não foram bem supridas ao longo da vida. Ambientes familiares desestruturados ou com padrões disfuncionais de convivência também estão entre os principais gatilhos, segundo estudos publicados pela Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP).
Entre os comportamentos mais comuns de uma pessoa vitimista estão as queixas frequentes e generalizadas sobre diferentes aspectos da vida; dificuldade em aceitar responsabilidades por erros ou falhas; tendência a manipular situações para gerar culpa no outro; resistência a mudanças ou soluções práticas; e busca constante por aliados que reforcem sua narrativa de injustiça. Esses sinais, quando recorrentes, impactam negativamente as relações pessoais, familiares e profissionais, além de dificultarem o próprio crescimento emocional do indivíduo.
Como ajudar alguém que se coloca como vítima?
A melhor maneira de ajudar é com empatia, mas sem alimentar o padrão. Evite reforçar a postura de coitadismo, ao mesmo tempo em que demonstra escuta ativa e apoio. Estimule o autoconhecimento e, quando possível, oriente a buscar ajuda profissional.
A psicoterapia é um caminho eficaz para que a pessoa identifique as origens desse comportamento e construa alternativas mais saudáveis de enfrentamento. Abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ajudam a modificar pensamentos disfuncionais e promover mais responsabilidade emocional. Já a terapia do esquema é indicada quando há padrões negativos arraigados desde a infância, como sentimentos de abandono ou desvalorização.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçam a importância do cuidado psicológico contínuo: uma em cada oito pessoas no mundo vive com algum transtorno mental, sendo os quadros de ansiedade e depressão os mais comuns. Esses problemas, quando não tratados, podem influenciar diretamente na forma como o indivíduo percebe a si mesmo e os outros. E o vitimismo pode ser uma manifestação disso.