Comportamento

Saúde emocional: o risco de criar expectativas fora da realidade

Visão romantizada pode ser perigosa tanto para a saúde da relação quanto para o bem-estar

Idealizar alguém perfeito pode ser prejudicial para o relacionamento (Foto: Reprodução)
Idealizar alguém perfeito pode ser prejudicial para o relacionamento (Foto: Reprodução)

Idealizar o par romântico perfeito é um comportamento comum e muitas vezes inconsciente. Imaginamos alguém que entenda nossos sentimentos sem que seja preciso falar, que nos aceite sem questionamentos e que esteja disposto a mudar apenas para nos agradar. Mas, na prática, essa visão romantizada pode ser perigosa tanto para a saúde da relação quanto para o bem-estar emocional individual.

Especialistas em saúde mental alertam que projetar expectativas exageradas no parceiro cria um cenário de frustrações, cobranças e, em casos mais graves, dependência emocional.

A American Psychological Association (APA ou Associação Americana de Psicologia) já destacou em estudos que relações baseadas em idealizações tendem a apresentar níveis mais altos de estresse e insatisfação, especialmente quando há baixa autoestima envolvida.

Expectativas que seu parceiro não tem obrigação de atender

Um dos erros mais comuns em relacionamentos é esperar que o parceiro adivinhe seus sentimentos. Embora a ideia de conexão profunda possa parecer romântica, ela ignora o papel fundamental da comunicação clara. Esperar que o outro “leia sua mente” gera mágoas silenciosas e conflitos desnecessários. Como aponta o Conselho Federal de Psicologia, a comunicação afetiva e direta é uma das principais bases para relações saudáveis e duradouras.

Outro ponto crítico é exigir que o parceiro aceite tudo “por amor”. A crença de que o afeto deve ser incondicional e sem limites pode levar à tolerância de atitudes tóxicas ou até abusivas. O amor saudável não pressupõe anulação individual, mas sim respeito mútuo, autonomia e acordos baseados no diálogo.

Também não é justo atribuir ao outro a responsabilidade de suprir todas as suas necessidades emocionais. Quando a pessoa não desenvolve autoconhecimento ou não cuida da própria saúde mental, ela tende a projetar no relacionamento todas as suas carências. Isso cria uma relação de dependência emocional e cobrança constante. Pesquisas da Journal of Social and Personal Relationships (Revista de Relações Pessoais e Sociais) apontam que relações mais equilibradas emocionalmente têm como base o fortalecimento da individualidade de cada parceiro.

Exigir que o parceiro mude, seja seu jeito, personalidade ou estilo de vida, também está entre as expectativas irreais. Mudanças só são sustentáveis quando partem de um desejo genuíno da própria pessoa. Pressões externas raramente trazem resultados positivos e, com o tempo, podem gerar ressentimento.

Por fim, há ainda cobranças ligadas a padrões estéticos, estilo de vida, romantismo ou até frequência de mensagens. Esse tipo de controle mina a liberdade individual e desgasta emocionalmente o casal. Dados de uma pesquisa publicada pela Sociedade Brasileira de Psicologia indicam que o excesso de controle em relacionamentos está entre os principais fatores que levam à instabilidade emocional e ao término precoce das relações.

Para os especialistas, a chave para relações mais saudáveis está no equilíbrio emocional. Quando cada indivíduo cuida de suas próprias emoções, aprende a comunicar o que sente de forma clara e compartilha sua vida sem anular a si mesmo ou o outro, o relacionamento tende a ser mais leve, respeitoso e satisfatório.

Relações emocionalmente maduras não buscam preencher vazios, mas sim construir uma conexão baseada em parceria real: com limites, escuta ativa, crescimento mútuo e espaço para ser quem se é.

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