RAPOSA SERRA DO SOL

OPERAÇÃO LONGO ALCANCE: Homem que engravidou a enteada duas vezes e a agrediu com chicote é preso

J.S.C. é acusado de ter abusado sexualmente da enteada dos 8 aos 13 anos, a engravidando pela primeira vez aos 12 anos. Os abusos continuaram e, já com 17 anos, a adolescente engravidou novamente

Prisão foi efetuada por agentes da Polícia Civil (Foto: ASCOM/PCRR)
Prisão foi efetuada por agentes da Polícia Civil (Foto: ASCOM/PCRR)

J.S.C., de 34 anos, acusado de engravidar a enteada duas vezes e a agredido com chicote, foi preso durante a Operação Longo Alcance, na comunidade indígena Mato Grosso, em uma área de difícil acesso na Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Os policiais chegaram até o homem após ele violar uma Medida Protetiva de Urgência (MPU) concedida à vítima.

A operação foi deflagrada na quinta-feira, 31, mas só foi divulgada pela Polícia Civil neste domingo, 3. após os agentes percorrerem cerca de 30 km a pé, com apoio do tuxaua e de um guia local.

Segundo o delegado titular de Pacaraima, Valdir Tomasi, J.S.C. é acusado de ter abusado sexualmente da enteada dos 8 aos 13 anos, engravidando-a pela primeira vez aos 12 anos. Os abusos continuaram e, já com 17 anos, a adolescente engravidou novamente. Em fevereiro de 2025, após um desentendimento familiar, o acusado revelou à mãe da vítima, à avó e às lideranças comunitárias que era o pai da primeira filha da jovem, nascida em fevereiro de 2020.

Durante o depoimento na delegacia, J.S.C. confessou os abusos sexuais e reconheceu a paternidade das duas crianças geradas a partir dos estupros.

Além dos abusos sexuais, o homem também é acusado de agredir fisicamente a enteada. No dia 13 de julho de 2025, ele desferiu três chicotadas nas costas da vítima, no pátio da escola da comunidade, motivado por ciúmes e tentativa de controle. Um suposto namorado da jovem também foi agredido. A adolescente, ao chegar em casa, reclamou de dores, e familiares constataram marcas de agressão com sangue.

Com apoio da liderança comunitária, foi solicitada nova medida protetiva, que o acusado voltou a descumprir por continuar vivendo no mesmo ambiente que a vítima. Ainda segundo o delegado, a vítima tinha medo de contar à mãe que era vítima de violência sexual pelo padrasto e ser desprezada

O delegado representou pela prisão preventiva do acusado, que foi deferida pelo Poder Judiciário e cumprida com êxito na última quinta-feira.

Deslocamento extremo e área de risco

Para chegar à comunidade Mato Grosso, os policiais civis precisaram sair de Pacaraima em direção à divisa com a Venezuela, uma vez que não há estrada brasileira que leve ao local. A equipe seguiu de carro até a comunidade indígena São Miguel, já em território venezuelano, utilizando a única via de acesso existente, um trajeto de aproximadamente 21 km em estrada precária, que levou cerca de uma hora.

A partir de São Miguel, os policiais iniciaram  uma marcha de 30 km por região montanhosa, enfrentando lavrados, matas fechadas, igarapés e áreas alagadas, sem qualquer via terrestre transitável. O trajeto foi considerado de alto risco, sendo necessário o apoio e a orientação de uma tuxaua e de um guia local para evitar que a equipe se perdesse na região.

Após a prisão, o acusado foi conduzido à unidade policial, apresentado em audiência de custódia e encaminhado à PAMC (Penitenciária Agrícola de Monte Cristo).

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