LITERATURA INDÍGENA

Artista indígena de Roraima é destaque na 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip)

Durante sua participação na Flip, Sony ressaltou os desafios enfrentados por autores indígenas e nortistas no mercado editorial

Foto Rovena Rosa Agencia Brasil
Foto Rovena Rosa Agencia Brasil

A presença indígena e amazônica ganhou projeção na 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), um dos principais eventos literários do país, por meio da programação especial realizada pelo Sesc Santa Rita. Entre os nomes que se destacaram está a escritora, poeta e professora indígena Sony Ferseck, do povo Macuxi, que levou ao evento a força da literatura produzida no extremo norte do Brasil.

Cofundadora da Wei Editora — a primeira editora independente de Roraima voltada à publicação de autores indígenas e obras bilíngues —, Sony tem se tornado um nome de referência na literatura indígena contemporânea. Seu livro Weiyamî: mulheres que fazem sol (2022), que entrelaça oralidade e resistência feminina, foi semifinalista do 65º Prêmio Jabuti, um dos mais importantes da literatura brasileira.

Durante sua participação na Flip, Sony ressaltou os desafios enfrentados por autores indígenas e nortistas no mercado editorial. “Nosso país tem dimensões continentais, isso acaba encarecendo [a produção] e provocando muitas faltas ainda em Roraima. Para vocês terem uma ideia, a gente só tem duas gráficas no estado inteiro”, afirmou.

A presença de Sony e de outras autoras indígenas na Flip representa não apenas uma conquista simbólica, mas também prática, abrindo espaço para vozes antes marginalizadas no circuito literário nacional. Ao lado dela, outras escritoras e poetas da Amazônia também compuseram a programação do Sesc, consolidando a força das narrativas originárias no centro das discussões sobre literatura brasileira.

Este ano, a Flip homenageia o autor Paulo Leminski, cuja obra é celebrada na abertura oficial pelo poeta e músico Arnaldo Antunes. Com curadoria de Ana Lima Cecilio, o evento conta com 21 mesas literárias reunindo autores nacionais e internacionais, como Alice Ruiz, Claudia Roquette-Pinto, Lilian Sais, Marília Garcia e Sergio Vaz. As mesas ocorrem no Auditório da Matriz e são transmitidas ao vivo online e pelo canal Arte1.

A participação de Sony Ferseck não só marca a diversidade cultural da Flip, como também evidencia a urgência de políticas de incentivo à produção e circulação literária nas regiões mais afastadas dos grandes centros editoriais. Sua presença reafirma que há muitas histórias por contar — e que elas podem e devem nascer das margens para o centro.

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