O filme Pecadores vem sendo apontado como um dos grandes favoritos ao Oscar, com previsões de até doze indicações, incluindo as categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor (Ryan Coogler) e Melhor Ator (Michael B. Jordan). Mas afinal, o que faz esse filme se destacar tanto a ponto de ser comparado a fenômenos como Oppenheimer e Barbie?
A resposta está na soma de elementos potentes: Pecadores é um filme que consegue ser, ao mesmo tempo, divertido e profundo, aterrorizante e emocionante, clássico e moderno. É uma experiência cinematográfica completa, que mistura ação, horror, música e crítica social de forma ousada e original.
Um dos aspectos mais interessantes da narrativa é a releitura criativa de um mito antigo: a ideia de que músicos de blues precisavam vender a alma ao diabo para alcançar o sucesso — uma lenda fortemente associada ao lendário Robert Johnson. O filme resgata esse imaginário, mas o reinventa: os vilões da história são vampiros. Isso não é apenas um elemento de horror gratuito — há uma camada simbólica poderosa nessa escolha.
Os vampiros de Pecadores representam, de forma metafórica, a maneira como a indústria musical e artistas brancos sugaram o talento e a alma dos músicos negros, principalmente do blues. Essa crítica não é feita de forma panfletária, mas embutida na própria construção da narrativa e dos personagens. É um comentário social afiado, que usa o gênero do terror para falar sobre exploração cultural e apagamento histórico.
Criatividade na direção
A direção de Ryan Coogler é precisa e estilosa, equilibrando cenas de tensão, ação e drama com uma elegância rara. Michael B. Jordan entrega uma performance intensa e comovente, à altura do material. Mas o que realmente eleva o filme é seu cuidado técnico e artístico: a fotografia sombria e elegante, o figurino que remete aos clássicos do horror, a montagem que sustenta o ritmo vibrante e, especialmente, a trilha sonora impecável, que celebra as raízes do blues com autenticidade e paixão.
Pecadores é um desses filmes que consegue agradar tanto o grande público quanto a crítica especializada. É entretenimento com conteúdo, gênero com propósito, arte com alma. E isso, por si só, já o torna um dos filmes mais merecedores de reconhecimento em 2025.
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