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Boa Vista, 135 anos: a capital construída por quem escolheu ficar

A capital de Roraima surgiu no século XIX, a partir da antiga Fazenda Boa Vista, e de lá para cá muitos chegaram e decidiram não mais partir

Cidade de Boa Vista, Roraima, avistada do Mirante do Parque do Rio Branco. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Cidade de Boa Vista, Roraima, avistada do Mirante do Parque do Rio Branco. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Boa Vista completa, nesta quarta-feira (9), 135 anos de criação como município. E quem é da capital do extremo Norte sabe que, de um pequeno povoado nos arredores de uma fazenda, a cidade se desenvolveu com a história, a coragem e o afeto de quem chegou e escolheu ficar.

A capital de Roraima surgiu no século XIX, a partir da antiga Fazenda Boa Vista, e foi oficializada como município em 9 de julho de 1890. De lá para cá, cresceu com planejamento urbano inspirado, inicialmente, em Paris – o famoso formato de leque, largas avenidas e um estilo modernista que a difere de outras capitais brasileiras.

No entanto, foram os migrantes de várias regiões do Brasil, especialmente do Nordeste, que fizeram Boa Vista expandir. O maior salto populacional ocorreu a partir da década de 1960, impulsionada pela exploração da borracha, pela criação da Zona Franca de Manaus e pelo status de capital do então Território Federal de Roraima. Muitos chegaram e decidiram não mais partir.

Boa Vista ainda fazia parte de um Território

Afonso Rodrigues, escritor, pintor, escultor e fundador da Academia Roraimense de Letras. Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV

Um desses migrantes foi o escritor Afonso Rodrigues, que trocou o Rio de Janeiro pela calmaria do Norte depois de ler, em 1981, uma reportagem sobre cavalos selvagens e emas correndo pelos lavrados de Bonfim, município vizinho à capital.

“Quando vi a matéria, fiquei encantado. Dois meses depois, eu já estava aqui. Fui direto para Bonfim, mas não encontrei os cavalos nem as emas. Aí vim para Boa Vista — e fiquei”, relembrou, rindo da situação.

Afonso, que também é colunista da Folha, acompanhou de perto a transformação da capital. Para ele, as mudanças trouxeram desafios típicos de uma cidade em desenvolvimento, mas isso não a impediu de ser acolhedora.

“Naquela época, Boa Vista ainda era território. O crescimento foi rápido. Hoje, quando ando pelas ruas, sinto o impacto da beleza da cidade. Cresceu muito — e cresceu bem. […] Boa Vista foi pensada como cidade de primeiro mundo, mas não foi projetada para pedestres. Ainda assim, é um lugar acolhedor. Os problemas fazem parte do crescimento”, comentou.

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Há cerca de 44 anos em Boa Vista e entre idas e vindas com a família pelo eixo Rio–São Paulo, foi em meio ao lavrado que ele fincou raízes. “Meus filhos começaram a vir também, um a um. E quando vi, estávamos todos aqui. A cidade nos ganhou”.

A capital do futuro

Lourdinha Pinheiro, ex-vereadora por Boa Vista. Foto: José Magno/FolhaBV

Quem também chegou para ficar foi Lourdinha Pinheiro, natural de Fortaleza. Ela desembarcou em Boa Vista em 1977, achando que ficaria apenas três semanas. Mas bastaram poucos dias para perceber que aquele era seu novo lar.

“A cidade era muito precária. Só tinha um pronto-socorro, três médicos e nenhuma rua asfaltada. As casas no meu bairro eram todas de barro. Mesmo assim, a gente era feliz. O acolhimento era imenso”, lembra.

Lourdinha conta que passou a atuar diretamente com as comunidades, levando gestantes ao hospital no próprio carro e acompanhando partos, já que o serviço de táxi praticamente não existia. A atuação social a levou à política. Foi vereadora por sete mandatos e presidiu a Câmara Municipal em cinco ocasiões.

De dentro da política ou fora dela, hoje ela reforça que “não imaginava que Boa Vista chegaria onde chegou” e que a capital é uma casa de oportunidades. Para Lourdinha, o maior presente de Boa Vista está nas pessoas.

“Vejo filhos da terra se formando, ficando aqui e ajudando a construir o futuro. Aqui, as pessoas se ajudam. Quando alguém precisa, o outro está lá. Isso é o que faz a diferença. Esse sentimento de comunidade não pode acabar”, afirmou. Boa Vista cresceu com dignidade e vai ser uma das grandes capitais do Norte, tenho certeza. E digo com orgulho: Boa Vista é a capital do futuro”, finalizou.

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