AFONSO RODRIGUES

“O casarão mal-assombrado”

“A vida é para quem topa qualquer parada. Não para quem para em qualquer topada”. (Bob Marley)

Ontem, à tarde, sentei-me aqui, ao computador, e olha o que me apareceu: uma imagem de certa forma chocante, no bom sentido. Era a foto de um casarão do tempo da escravidão. Quase pulei da cadeira. E fiquei um tempão olhando para imagem e tentando ver se não foi ali que dormi uma noite, em Mato Grasso, em 1960. E foi em 1968 que escrevi uma matéria para o jornalzinho do Curso Barão, onde estudei três anos, em São Paulo. E o título da matéria foi: “O Casarão Mal-assombrado”. Aí parei tudo diante do computador e fiquei viajando no tempo, sobre o bom tempo que já vivi. Depois de u[U1] m ano de casado e com meu primeiro filho recém-nascido, em São Paulo, resolvi tentar nova vida em Mato Grosso. E viajei sozinho. Depois de três meses em Barra do Bugres, decidi voltar para São Paulo. E foi aí que a coisa aconteceu. Mas, já falei sobre isso, várias vezes. Foi a aventura mais extraordinária de minha vida. Foi aí também que depois de um dia inteirinho perdido na mata, encontrei uma fazendinha, onde dormi, depois de bem atendo, em um casarão abandonado e exatamente igual ao apresentado no computador, ontem pela tarde. Veio daí minha dúvida se foi ou não, ali que dormi naquela noite assombrosa.

Em mil novecentos e oitenta e seis, eu já morava em Boa vista, mas estava, em passagem pelo Rio de Janeiro, quando a Sandra Tarcitano me telefonou, perguntando se eu gostaria de mandar uma matéria para o lançamento da “Folha de Boa Vista”. E, claro, enviei “O Casarão Mal-assombrado”. A historiazinha sobre meu drama naquela noite, em Mato Grosso, dormindo sozinho, dentro de um casarão em estado de degradação, não foi brincadeira não. Uma das experiencias mais notáveis das notáveis que já vivi. Vou continuar imaginando se não foi naquele casarão que acabei de ver, em que décadas e décadas atrás, dormi por uma noite. E tudo faz parte da vida, o que nos leva a levar a vida mais saudavelmente para que as lembranças venham como uma riqueza não esquecida. Viva intensamente cada momento de sua vida. Os maus momentos podem ser um motivo para aprendizado e amadurecimento racional. Tudo que fazemos e vivemos na vida faz parte da nossa evolução racional. Você não imagina o que sofri naqueles dias, perdido numa mata, sem a mínima noção do que fazia. Mas sou muito feliz por ter vivido cada minuto, daqueles momentos. Seja sempre o timoneiro de sua vida. Nunca permita que alguém dirija sua vida. A experiência vem de suas atitudes. E você tem todo o poder de que necessita para ser feliz. Pense nisso.

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