AFONSO RODRIGUES

Construa na disciplina

“Não se obtém a disciplina, cimento dos exércitos e garantia ao seu valor, pelos meios violentos, mas pela educação do soldado e pelo desenvolvimento de relações afetuosas entre ele e a oficialidade”. (Rui Barbosa)

Já há uma boa diferença considerável no tratamento entre superiores e “inferiores”, nos meios militares. O recruta não é mais maltratado como era antigamente. Faz alguns anos que em minhas conversas com oficiais militares, fui questionado sobre um exemplo que dei, sobre o comportamento do soldado a serviço nas ruas, do Rio de Janeiro e de São Paulo. E o que eu disse, na conversa, foi que: na esquina, no Rio de Janeiro, havia sempre dos soldados como segurança. Se você se aproximasse deles e lhes perguntasse onde ficava, por exemplo, a Rua dos Andradas, ele apontaria para a direita e responderia simpaticamente:

– Vá em frente, vire à direita e a segunda rua é a dos Andradas.

Você agradeceria e ele responderia. Se você chegasse a uma esquina, em São Paulo, e perguntasse ao policial, onde ficava a Rua dos Andradas, ele se perfilaria e indicaria, como se estivesse batendo continência:

– Siga em frente, dobre à esquerda e a segunda à direita é a dos Andradas.

O oficial questionou, perguntando se eu estava dizendo que o soldado paulistano é mal-educado. Eu lhe disse que o que estava dizendo era que o soldado paulistano era mais bem treinado do que o carioca. E que o problema estava no treinamento. E que a culpa não estava no soldado nem na corporação. Mas no fato de o soldado ser treinado para ir para a rua, combater o crime. Quando ele deveria ir para a rua, para o cidadão e não para o criminoso. Sem essa orientação, qualquer pessoa que se aproximasse dele poderia ser um criminoso. A polícia, nem o policial tem nenhuma culpa nisso. A responsabilidade continua nossa, “cidadãos” que ainda não sabemos que ainda não somos cidadãos. Porque o que nos falta é uma Educação à altura da cidadania. Vamos pensar em nós e no nosso futuro, para que possamos ser realmente cidadãos, numa Educação cidadã.

Enquanto não tivermos uma educação à altura do que merecemos, continuaremos títeres dos criadores das leis e dos direitos na cidadania que ainda caminha mancando. Converse com seu candidato à próxima eleição. Veja se ele está interessado na melhoria da nossa educação. Porque sem ela nunca seremos cidadãos de fato e de direito. Quando sair de casa para votar, reflita se você está indo por dever ou por obrigação. Porque numa democracia se vota por dever, e não por obrigação. Mas precisamos nos educar para que mereçamos o volto facultativo. E sem ele nunca seremos cidadãos. Pense nisso.

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