A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atualizou as regras para a comercialização de medicamentos à base de semaglutida, substância presente em marcas como Ozempic, Rybelsus e Wegovy, amplamente utilizadas no tratamento do diabetes tipo 2, obesidade e sobrepeso.
A principal mudança é que todas as receitas médicas desses remédios passam a ser retidas pelas farmácias. Além disso, a Anvisa determinou que as bulas informem sobre o risco de uma condição ocular rara: a neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NOIA-NA), que pode provocar perda súbita da visão.
A decisão foi tomada com base em alertas do Comitê de Avaliação de Risco em Farmacovigilância da Agência Europeia de Medicamentos, que identificou a NOIA-NA como um possível efeito adverso raro relacionado ao uso da semaglutida. No Brasil, o Sistema VigMed da própria Anvisa já havia registrado 52 notificações de suspeitas de distúrbios oculares ligados à substância.
Segundo o oftalmologista Matheus Bedendo Rodrigues da Silva, a neuropatia óptica ocorre quando os vasos que irrigam o nervo óptico são bloqueados ou estreitados, levando à redução do fluxo sanguíneo e danos ao nervo.
“O principal sintoma é a perda súbita e indolor da visão em um dos olhos, que pode ser temporária ou permanente. Também é comum enxergar de forma desfocada, especialmente na metade inferior do campo visual, além de dificuldade para reconhecer rostos ou distinguir cores”, explicou o médico.
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A doença é mais comum a partir dos 50 anos de idade e, segundo o oftalmologista, alguns fatores de risco incluem diabetes descontrolado, hipertensão, colesterol elevado, doenças cardíacas e apneia obstrutiva do sono.
Com a nova regulamentação, a Anvisa recomenda que os profissionais de saúde informem seus pacientes sobre os sinais de alerta e a importância de realizar exames oftalmológicos regulares durante o uso de medicamentos com semaglutida ou outras substâncias que mimetizam o hormônio natural GLP-1.
“É fundamental que qualquer pessoa que use esses medicamentos fique atenta a alterações na visão, especialmente se estiver no grupo de risco. O acompanhamento oftalmológico pode ajudar na detecção precoce de complicações”, alertou o Dr. Matheus Silva.