Militantes do Conselho Indígena de Roraima (CIR) desmontaram o acampamento em frente ao Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei Leste) nessa quinta-feira (26), um dia após servidores do local relatarem transtornos com a mobilização.
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De acordo com o CIR, o ato, que durou 30 dias foi planejado, e visava defender estratégias para o “bem viver dos povos indígenas”. Participaram do protesto lideranças tradicionais, jovens, crianças e representantes dos povos indígenas das regiões Amajari, Alto Cauamé, Baixo Cotingo, Murupu, Sumuru, Raposa, Serras, Serra da Lua, Tabaio, Waiwai e Alto Miang.
Os militantes chegaram a fechar completamente o Dsei Leste entre 29 de maio e 11 de junho. Os ativistas reiteravam não aceitar a nomeação da coordenadora Lindinalva Marques – empossada no último dia 5.
Eles queriam explicações do Ministério da Saúde em não nomear a enfermeira Letícia Monteiro e criticavam a suposta ingerência política na nomeação de Lindinalva, com apoio de parlamentares com bandeiras antagônicas ao CIR, como a defesa do garimpo em terras indígenas e do marco temporal.
Indicada por cinco organizações (entre elas a Associação dos Povos Indígenas de Roraima), Lindinalva Marques ficou em segundo lugar na votação da Assembleia das Organizações Indígenas para definir a indicação para o cargo. Além disso, ela tem o apoio da bancada roraimense do Republicanos no Congresso.
Naquela ocasião, Mário Nicácio, indicado pelo CIR, venceu a eleição. No entanto, ele não pôde assumir a coordenação por entraves burocráticos na prestação de contas a nível federal.
Assim, o conselho decidiu indicar três opções sem deliberação colegiada – todas foram rejeitadas pelo Ministério da Saúde, incluindo Letícia.
Conflitos
Apesar de o CIR alegar que o ato era pacífico, guardas indígenas do Grupo de Proteção e Vigilância Territorial Indígena (GPVTI), armados com arco e flecha, chegaram a hostilizar até mesmo jornalistas que tentavam cobrir a mobilização.
Um exemplo foi a solenidade de posse de Lindinalva, que precisou ser transferida para outro prédio do Dsei Leste para evitar confronto com os manifestantes. O evento foi realizado sob forte esquema de segurança.
Na terça-feira (24), os guardas também entraram em conflito com um vigia do Dsei, o ensejou acionamento da Polícia Militar (PMRR) para mediar a situação.
Uma funcionária do distrito chegou a reclamar, anonimamente, que alguns manifestantes entravam em horário de expediente no prédio situado no bairro São Vicente, na zona Sul, para sujá-lo e danificá-lo.
“Usam som mecânico com caixa amplificada, o que causa transtornos aos funcionários que precisam trabalhar e de concentração, afinal estamos trabalhando com saúde, e demanda de cuidado e atenção”, completou.