Você já sentiu um nó na garganta ao tentar dizer “me desculpa”? Mesmo sabendo que errou, algo parece travar. Esse bloqueio emocional, mais comum do que se imagina, está ligado a mecanismos de defesa do ego, traumas antigos e até modelos familiares. Entender por que pedir desculpas é tão difícil pode ser o primeiro passo para desenvolver relações mais saudáveis — e é justamente aí que a terapia entra como aliada poderosa.
Por que temos tanta dificuldade em pedir desculpas?
Pedir desculpas exige vulnerabilidade. Para muitas pessoas, isso significa se expor, admitir falhas e correr o risco de rejeição ou humilhação. Em uma sociedade que valoriza a performance, o sucesso e o orgulho, reconhecer um erro pode parecer uma fraqueza — quando, na verdade, é um sinal de força emocional e maturidade.
A ligação entre pedir desculpas e autoestima
Quem tem autoestima frágil costuma sentir que admitir um erro é uma ameaça à sua identidade. “Se eu peço desculpas, estou dizendo que sou uma pessoa ruim” — esse tipo de pensamento distorcido é mais comum do que parece. A pessoa associa o erro ao seu valor como ser humano, e não como algo natural do convívio em sociedade.
Quando o ego fala mais alto que o afeto
Em muitos casos, o ego se sobrepõe ao afeto. A dificuldade em se desculpar pode esconder um medo de perder poder ou controle na relação. Em brigas de casal, por exemplo, é comum que ambos os lados fiquem presos em jogos de orgulho. A mágoa cresce, e o simples ato de pedir desculpas se transforma numa guerra fria.
A influência da criação e do ambiente familiar
Famílias onde o erro nunca é tolerado, ou onde pedir desculpas é visto como humilhação, tendem a formar adultos emocionalmente rígidos. Se você cresceu ouvindo “engole o choro”, “você tem que ser forte” ou nunca viu seus pais se desculparem, provavelmente internalizou a ideia de que vulnerabilidade é perigosa.
O papel da empatia no processo de desculpas
Pedir desculpas não é só um ato racional — é um gesto empático. Significa sair de si e reconhecer a dor do outro. Pessoas com dificuldades de empatia geralmente acham que basta explicar suas intenções para “justificar” o erro. Mas quem sofreu o impacto precisa de reparação emocional, não apenas lógica.
Como a terapia pode ajudar a destravar esse bloqueio
Na terapia, é possível explorar as raízes emocionais desse bloqueio. Muitas vezes, o medo de pedir desculpas está associado a experiências infantis mal processadas, como punições severas ou humilhações públicas. O terapeuta ajuda o paciente a reescrever essas memórias, criar novas narrativas e desenvolver habilidades emocionais mais saudáveis.
Técnicas terapêuticas que favorecem o perdão e a reparação
Terapias baseadas na abordagem cognitivo-comportamental trabalham com a reestruturação de crenças disfuncionais — como a ideia de que errar é algo imperdoável. Já a terapia do esquema busca identificar padrões de comportamento cristalizados desde a infância. Em ambos os casos, o objetivo é libertar o indivíduo da armadura emocional que o impede de pedir desculpas com leveza e autenticidade.
Pedir desculpas é diferente de se humilhar
Esse é um ponto fundamental. Muita gente evita o pedido de desculpas porque o associa à submissão. Mas uma desculpa sincera não anula seu valor — pelo contrário, reforça sua capacidade de amar, crescer e sustentar relações maduras. Ao se desculpar, você não está se diminuindo, está mostrando que se importa.
Quando a terapia convida a reconstruir vínculos
Casais que fazem terapia juntos frequentemente descobrem o poder transformador de uma simples frase: “me desculpa por ter te magoado”. O mesmo vale para pais e filhos, irmãos, amigos distantes. O pedido de desculpas pode ser a ponte que faltava para restaurar laços rompidos há anos — e o processo terapêutico oferece a segurança necessária para dar esse passo.
Pedir desculpas, no fim das contas, é um gesto de coragem. Vai além de reconhecer um erro: é um compromisso com a evolução emocional, consigo e com o outro. Quando a terapia entra na equação, essa coragem encontra estrutura, apoio e acolhimento. E aí, o que parecia impossível — como dizer “me perdoa” — torna-se libertador.