O Conselho Federal de Medicina (CFM) atualizou as regras para realização de cirurgia bariátrica e metabólica no país, ampliando os critérios de elegibilidade. As mudanças, em vigor desde 20 de junho, passam a incluir adultos com obesidade grau 1 (IMC entre 30 e 34,9) e adolescentes de 14 a 16 anos com obesidade grave (IMC acima de 40) e doenças associadas, como diabetes e hiensão.
Em entrevista a imprensa, Carlos Schiavon, cirurgião bariátrico e presidente da ONG Obesidade Brasil, apontou que a principal novidade é a incorporação de pacientes que antes não podiam optar pelo procedimento.
“Essa atualização reconhece a cirurgia como ferramenta importante para casos em que o tratamento clínico não surte efeito”, explicou. Schiavon também comentou sobre os novos medicamentos para emagrecimento, como as chamadas canetas emagrecedoras (injetáveis à base de semaglutida ou liraglutida).
“São tratamentos eficazes, mas parte dos pacientes não responde ou enfrenta efeitos colaterais. Além disso, o custo elevado limita o acesso”, disse.
O especialista reforçou a necessidade de avaliação multidisciplinar rigorosa, principalmente para adolescentes. “É essencial analisar aspectos físicos e psicológicos, além de garantir acompanhamento contínuo, já que o tratamento é vitalício”, afirmou.
Ele alertou para o risco de abandono do seguimento pós-cirúrgico, comum devido à necessidade de adaptações na dieta e suplementação vitamínica permanente.
As diretrizes do CFM destacam que a decisão pela cirurgia deve ser individualizada, priorizando pacientes com comorbidades e histórico de falha em tratamentos convencionais.
O objetivo é oferecer alternativas para controle da obesidade, doença que atinge 26,8% dos brasileiros, segundo dados do Ministério da Saúde.