OPERAÇÃO JEREMIAS 22:17

PF faz buscas e prende policiais suspeitos de sequestrar autônomo para pegar 'ouro negro'

De acordo com a investigação, agentes cometeram o crime para forçar a vítima a indicar o destino de uma carga de cassiterita

Polícia Federal faz buscas e prisões durante Operação Jeremias 22:17 (Foto: Divulgação)
Polícia Federal faz buscas e prisões durante Operação Jeremias 22:17 (Foto: Divulgação)

A Polícia Federal (PF) cumpre, nesta quarta-feira (22), 13 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão temporária contra policiais suspeitos de sequestrar e torturar um autônomo em Caracaraí, em 2023.

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De acordo com a investigação, os agentes cometeram o crime para forçar a vítima a indicar o destino de uma carga de cassiterita, minério conhecido como “ouro negro”. O ato também teria o apoio de policiais de Roraima.

Segundo a PF, os acusados formaram, em tese, um grupo criminoso para escoltar cargas de minérios extraídos ilegalmente da Terra Indígena Yanomami.

Além disso, esse conjunto prestaria serviços de segurança clandestina e apuraria a ocorrência de roubos de cargas de forma paralela à atuação estatal.

A Justiça Estadual autorizou as ordens judiciais, a serem cumpridas em Roraima, Amazonas, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul.

O caso é investigado pela Promotoria de Caracaraí. A corporação ainda não divulgou a quantidade total dos mandados já cumpridos.

A PF batizou a Operação Jeremias 22:17, referência bíblica que diz: “Mas os teus olhos e o teu coração não atentam senão para a tua ganância, e para derramar o sangue inocente, e para levar a efeito a violência e a extorsão.”

Relembre o caso

Materiais apreendidos com os supostos policiais civis do Amazonas (Foto: Divulgação)

No dia 8 de fevereiro de 2023, a Polícia Militar (PMRR) prendeu, em Caracaraí, dois policiais civis do Amazonas acusados de sequestrar e torturar o autônomo, que é irmão de um cabo da PM de Roraima.

Eles foram encaminhados para a delegacia do Município. A vítima foi liberada pelos suspeitos com lesões nos pulsos por causa das algemas usadas e no peito em virtude de tapas, e ainda levou um choque no tórax.

A prisão foi feita pelo 1º Pelotão da 2ª Companhia de Policiamento Independente de Fronteira (2ªCIPMFron), no âmbito da Operação Êxodo – que acompanhava a saída dos garimpeiros da Terra Indígena Yanomami – horas depois do crime ocorrido no Sul de Roraima.

Os acusados teriam mentido à PM que estavam em operação conduzida pela Polícia Civil amazonense para apreender um caminhão de carga de minérios. Na ocasião, a testemunha informou que outros quatro supostos agentes também estariam envolvidos.

Com os suspeitos, policiais de Roraima encontraram um distintivo da Polícia Civil do Amazonas, uma arma e 30 munições calibre 556 com carregador, uma submetralhadora e 30 munições calibre .40 com dois carregadores, duas pistolas, 63 munições e carregador de pistola 9 milímetros, uma granada de efeito moral, uma arma de eletrochoque, um canivete, uma algema, um par de coletes balísticos, um lado de colete balístico, duas capas de colete e uma pistola 9 milímetros.

O irmão da vítima contou à PM que o autônomo estava trabalhando em seu terreno na zona rural de Caracaraí, quando três homens desceram de um carro Mitsubishi L200, se identificaram como policiais civis e perguntaram onde ficava uma das vicinais da região, pois nesse local estaria acontecendo uma briga.

A testemunha disse ter acompanhado os suspeitos de moto até o local, onde foi algemado e ameaçado com tapas e choques. Ele disse que os supostos policiais ameaçaram incendiar sua motocicleta se não colaborasse e queriam saber onde estava seu celular.

Um dos suspeitos foi à casa buscar o aparelho e deu desculpa à mãe da vítima que o carro havia quebrado e precisava fazer uma ligação. Nesse momento, deixaram a moto do irmão do autônomo próximo do sítio com a chave na ignição.

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