
A equipe esportiva Runners Team, da qual fazia parte o atleta José Francisco Gomes, o Ferrinho, publicou uma nota de repúdio nesta terça-feira (30) contra declarações da defesa da motorista J.G.P.M., acusada de atropelar quatro corredores em uma rodovia estadual de Roraima.
O grupo expressou indignação com o conteúdo da nota divulgada pelo advogado da condutora, que sugeriu que a prática esportiva em rodovias sem acostamento seria um fator de risco e, por isso, justificaria o acidente ocorrido. “Recebemos com perplexidade a tentativa de transferência da responsabilidade pelo ocorrido à própria vítima”, diz trecho da nota.
Segundo o grupo, a alegação de que os atletas corriam no meio da pista não condiz com a realidade. A equipe afirma que irá apresentar às autoridades provas que demonstram que os corredores estavam no acostamento no momento em que foram atingidos.
“Nas próximas horas, será oferecida às autoridades uma prova inconteste de que o atropelamento ocorreu enquanto os atletas estavam no acostamento”, afirma o documento.
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O grupo ainda destaca que o Código de Trânsito Brasileiro garante proteção a pedestres e atletas em vias públicas, e que a corrida de rua é uma prática legítima, mesmo em locais com infraestrutura viária precária, desde que observadas medidas de segurança.
Em outro trecho, o texto critica diretamente a tentativa da defesa de descaracterizar a suspeita de embriaguez da motorista: “O que precisa ser alertado à sociedade é o verdadeiro risco que ceifa vidas todos os dias: a condução de veículos sob efeito de álcool, uma prática criminosa, flagrantemente constatada no presente caso, com testemunhos e registros audiovisuais.”
Nova prova sobre o atropelamento
Em entrevista à reportagem, Maclison Chagas, membro da equipe e amigo da vítima, antecipou a existência de uma nova prova técnica que, segundo ele, será formalmente anexada ao processo nas próximas horas. Trata-se do registro de GPS do relógio esportivo utilizado pela esposa de Ferrinho, que corria ao lado dele no momento do acidente.
“A atividade do relógio mostra que eles estavam no acostamento durante todo o trajeto. Não há registro de movimentação na pista de rolamento. Ou seja, a colisão aconteceu fora da via, quando o veículo saiu do controle e desceu o barranco”, explicou Maclison, que também é advoagado. Ele informou que a prova foi preservada até o momento por respeito à dor da família, mas será encaminhada às autoridades como elemento probatório.
Além disso, o advogado acredita que a manifestação da defesa de J.G.P.M. tem intenção de atrair discursos de ódio para, possivelmente, servir de pretexto para que a condutora mude de cidade.
Protesto contra a impunidade
Em ato contra a impunidade no trânsito, o grupo de corrida Runners Team realizará um protesto nesta quinta-feira (1º), às 16h30, no Centro Cívico, em memória de José Francisco Gomes. O protesto busca mobilizar corredores e a sociedade em geral por mais segurança no trânsito e leis mais rígidas contra a impunidade.