O número de consumidores inadimplentes atingiu um marco histórico em todo o País, com registro de 63 milhões de brasileiros endividados em março deste ano, representando 40,3% da população adulta. Dados do Serasa apontam também que Roraima ficou em primeiro lugar absoluto, com 61,9% de pessoas com dívidas em aberto e negativadas, um total de 209.379 inadimplentes.
Por faixa etária no Brasil, pessoas de 36 a 40 são as maiores inadimplentes, com 48,5%. Os idosos com mais de 61 anos tiveram um aumento de 1,9% na variação e ficaram com 35,4% dos endividados. Já os jovens entre 18 e 25 anos tiveram o menor número, com apenas 31,4%. Conforme o levantamento, bancos e cartões representaram as principais dívidas, com 28,1%.
No Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), os números também aumentaram em Roraima. Até março, foram registrados 959 novos cadastros, número superior ao mesmo período do ano passado, que foi de 715. Já os registros cancelados, que são as pessoas que negociaram as dívidas junto à empresa, ficaram em 2.221. Em 2018, até março, tinham sido 2.876 cancelamentos.
O economista Fábio Martinez avalia três principais características que colocam os brasileiros cada vez mais afundados em dívidas. A primeira delas é uma falta de educação financeira, que impede que as pessoas tenham mais consciência dos próprios gastos e acabem extrapolando nas compras.
Em seguida, vem a crise econômica, afetada diretamente pelo alto número de desempregados, tanto em Roraima e no Brasil. Já o terceiro fator é o aumento de preços, ligado ao da inflação.
“Com as coisas mais caras e o rendimento sem aumentar na mesma proporção, se compromete a possibilidade de pagar as contas e quando a pessoa perde o emprego, fica sem o rendimento principal”, explicou.
O especialista orienta que para sair desse cenário o primeiro passo é fazer uma reeducação sobre os gastos e contas que precisam ser pagas, seja anotando todas as compras em um caderno e podendo verificar se há algum insumo que possa ser suprimido. Para as pessoas que perderem o emprego, ele dá a dica de procurar uma renda extra com alguma habilidade que ela possui.
“Sei que não é fácil com essa situação de crise que estamos vivenciando, mas é uma das possibilidades. Por exemplo, na Páscoa, muitas pessoas fizeram renda extra com a venda de ovos de chocolate”, relembrou. Martinez completou que, por conta do aumento dos preços, é possível fazer uma substituição dos produtos, adquirindo aqueles mais em conta.