Cotidiano

Cirurgias eletivas devem ser retomadas após decisão judicial

Secretário de Saúde não informou uma data exata para que cirurgias sejam retomadas, mas afirmou que previsão é para esta semana

Cirurgias eletivas devem ser retomadas após decisão judicial Cirurgias eletivas devem ser retomadas após decisão judicial Cirurgias eletivas devem ser retomadas após decisão judicial Cirurgias eletivas devem ser retomadas após decisão judicial

As cirurgias eletivas no Hospital Geral de Roraima (HGR) e no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) serão retomadas após decisão liminar da Justiça Federal que suspendeu a determinação do Conselho Regional de Medicina (CRM) em interditar os procedimentos cirúrgicos de baixa complexidade em razão do desabastecimento de material médico-hospitalar nas unidades.

Na decisão, o juiz federal Helder Girão Barreto, da 1ª Vara Federal Cível e Criminal da Seção Judiciária de Roraima (SJRR), acata o pedido feito pelo Ministério Público (MPRR) e governo do Estado ao classificar que a interdição ética, determinada em 16 de fevereiro, foi tomada sem unanimidade pelos integrantes do conselho, que “decidiu proibir os médicos de realizarem cirurgias eletivas sob pena de punição ético-disciplinar”. 

A interdição foi classificada ainda como “ilegal e irresponsável” ao afirmar que o CRM não pode atuar além da fiscalização do exercício da atividade médica nem impedir o funcionamento dos estabelecimentos e que o poder de interditar é dado exclusivamente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O texto pontua ainda que o argumento dado pelo conselho é “falacioso” quando quis garantir o mínimo de risco à população e entende que, na verdade, o ato estaria agravando a crise na saúde e o sofrimento de pacientes. 

Sesau garante mutirão de cirurgias para diminuir impactos 

Após a decisão favorável, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) reconheceu os problemas de abastecimento de insumos e medicamentos nas unidades hospitalares e afirmou que está atuando para que a situação seja resolvida. Em coletiva de imprensa nessa segunda-feira, 25, o secretário de Saúde, Ailton Wanderley, destacou que os processos de compras emergenciais já estão chegando às unidades, o que garante a realização dos procedimentos mais básicos.

Ele afirmou que a suspensão das eletivas gerou um impacto muito grande e resultou em uma grande demanda de pacientes, com alguns sendo transferidos para outros hospitais de Boa Vista. O número de pessoas à espera para realização de cirurgias não é exato e não há concordância entre os órgãos. A Sesau calcula em torno de 600 nas duas unidades e quatro mil em toda lista do Sistema Único de Saúde (SUS).

“O governador pediu para que a gente possa iniciar um processo de mutirão, tanto no centro cirúrgico do HGR quanto da maternidade, para dar evasão a essas cirurgias. A gente tinha a questão do abastecimento que está sendo solucionada e o material está chegando”, afirmou. Wanderley não informou uma data exata para que as cirurgias sejam retomadas, mas afirmou que a previsão é para esta semana.

O mutirão de cirurgias irá contemplar também a região Sul do Estado, sendo feitas no Hospital Regional de Rorainópolis. Wanderley destacou que as licitações anuais para aquisição de material estão em andamento e os processos emergenciais devem abastecer a rede pelos próximos 90 dias. (A.P.L.)

“Ainda temos muitos problemas a serem enfrentados dentro da secretaria. Não é do dia para a noite, isso vai demandar anos de trabalho para que a gente possa voltar a uma condição normal com os profissionais trabalhando com tranquilidade, condições e abastecimento regularizado”, completou.

MPRR relata que abastecimento já permite alguns procedimentos cirúrgicos

A promotora de Justiça de Defesa da Saúde do Ministério Público de Roraima, Jeanne Sampaio, justificou que havia pequenas cirurgias que poderiam estar sendo feitas normalmente e que, por isso, não havia razão para o conselho de classe de uma categoria limitar o acesso a esses procedimentos.

Jeanne garantiu que sem eles, há um aumento no tempo de espera e de ocupação de leitos de forma desnecessária. “Tumultuaria, inclusive, quando fossem retomadas as outras cirurgias mais complexas. Isso atrasaria ainda mais o acesso das pessoas e contribui para a superlotação do hospital”, disse.

Na ação civil pública movida pelo MPRR, destaca-se que a interdição feita pelo CRM “contribui objetivamente para sanar a deficiência do abastecimento causada pela ineficiência administrativa da Sesau”, além de aumentar o sofrimento da população com a espera da realização dos atos cirúrgicos, por se tratar de uma decisão que não haveria um prazo para ser encerrada.

O texto aponta que a espera causaria sequelas irreversíveis nos pacientes e a demora em voltar ao cotidiano normal. Essa demora também ocasionou demandas judiciais na solução de poucos casos a um custo alto. 

“Pensando na necessidade desses pacientes, a medida era de urgência. Quando aconteceu a primeira interdição em novembro, já estávamos acompanhando a dificuldade de abastecimento e em nenhum momento essa interdição ajudou nesses problemas”, destacou.

A promotora assegurou que são oito mil pacientes à espera de cirurgias eletivas e, em contraste com a informação da Sesau, ela relatou que os procedimentos já poderiam ocorrer nessa segunda-feira, 25. (A.P.L)

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