Política

Cooperação do Brasil em ação na VE é obrigação, diz ministro

Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, afirmou que sabe sobre especulações de ‘segundas intenções’ dos EUA, mas não acredita nesta possibilidade

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que o governo não acredita haver “segundas intenções” dos Estados Unidos ao levar ajuda humanitária até a Venezuela. A declaração foi dada durante uma coletiva de imprensa na tarde de sábado, 23. Ele afirmou ainda que o Brasil tem obrigação em termos de cooperação internacional e integração latino-americana de participar da ação encabeçada pelos Estados Unidos.

“Não acreditamos, de forma alguma, que os Estados Unidos, como nenhum outro país que está participando, procurem utilizar isto [como pretexto], mas sei que há esta especulação. Não acreditamos que isto seja desculpa para intervenção. Acreditamos que há uma disposição sincera de vários países. E os Estados Unidos têm muita capacidade para isto, de proporcionar esta ajuda humanitária à Venezuela”, declarou o ministro das Relações Exteriores.

Esta é a segunda vez que Ernesto Araújo visita Roraima. Ele afirmou que sua primeira visita ocorreu há dois anos quando estava em uma missão nos Estados Unidos e a situação da imigração ainda estava começando, mas que a de agora foi determinante para entender o papel de Roraima no processo de retomada da democracia no país vizinho.

Araújo pretende levar agora um retrato da situação de Roraima e da Venezuela para o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e ministros do governo. A sua visão é de que o Estado possui um papel decisivo nesta situação no que se refere a atendimentos de serviços públicos, como os hospitalares. O ministro informou ainda que já propôs a criação de um grupo interministerial para lidar com a situação.

Ernesto Araújo destacou ainda que a ditadura de Nicolás Maduro não possui precedentes. “Era um país grande, rico e que se tornou pobre, que oprime a sua população e exporta crime, apoia o crime organizado, tem ligações com o narcotráfico e com o terrorismo. Nossa reação corresponde a isto, a uma ameaça sem precedentes que um regime desta natureza representa e ao mesmo tempo é interesse brasileiro que a Venezuela volte a ser um país pacifico”, avaliou.

Ainda de acordo com o ministro, as pessoas do outro lado da fronteira estão desesperadas, pois esperavam pela ajuda e estão sendo proibidas de receber. Araújo admitiu ainda que não esperava que a situação se resolvesse em um dia, mas que se trata de um primeiro passo e outros estão por vir.

“Pretendo levar a imagem de que é preciso continuar. O que acontece hoje é o começo de um processo de fazer chegar ajuda em benefício dos venezuelanos e ao mesmo tempo reforça o governo legítimo do presidente [Juan] Guaidó”, declarou.

QUESTÃO ENERGÉTICA – Com a diplomacia entre o Brasil e a Venezuela comprometida, o corte de fornecimento da energia, que vem de uma empresa venezuelana, é um medo constante dos roraimenses. Jair Bolsonaro (PSL) chegou a afirmar que pretende acelerar o processo de construção do Linhão de Tucuruí ainda este ano. Ernesto Araújo reforçou que o presidente está muito sensibilizado com a vulnerabilidade energética do Estado.

“Eu até falei com o governador Denarium e ele disse que às vezes as situações de crise é que geram soluções. Então, é evidente que a solução definitiva para esta vulnerabilidade energética de Roraima é a construção do linhão e talvez seja um aspecto positivo decorrente desta situação de tumulto e ao mesmo tempo de esperança de mudança na Venezuela”, analisou o ministro.