Política

Michel Temer decreta uso das Forças Armadas para Roraima

Exército vai atuar no Estado apenas por duas semanas e o governo negou que seja uma intervenção federal

Michel Temer decreta uso das Forças Armadas para Roraima Michel Temer decreta uso das Forças Armadas para Roraima Michel Temer decreta uso das Forças Armadas para Roraima Michel Temer decreta uso das Forças Armadas para Roraima

O presidente Michel Temer assinou ontem, 28, um decreto de Garantia da Lei e da Ordem para a atuação das Forças Armadas em Roraima, que vem sendo afetado pela migração de venezuelanos. 

Na prática, o decreto garante condições para as Forças Armadas atuarem diretamente na crise humanitária que se instalou no estado pelo período de duas semanas. As Forças Armadas atuarão no estado até o dia 12 de setembro, mas apenas na faixa de fronteira Norte e Leste e nas rodovias federais. 

Na fronteira com a Venezuela, o Estado de Roraima tem recebido imigrantes, que vêm em busca de alimentos e emprego. A cidade de Pacaraima é responsável por abrigar a maior parte dos refugiados e no último dia 18, houve conflito entre refugiados e brasileiros.

O Ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse em entrevista a imprensa nacional que considera que a medida do presidente Temer é absolutamente adequada. “Eu fui lá e me dirigi à governadora (Suely Campos): ‘Se a senhora não tem condições de manter a ordem, o presidente da República está à disposição para convocar as Forças Armadas’. Como ela não se mobilizou, o presidente da República decidiu tomar a medida unilateralmente. Com a GLO, a segurança pública passa ao controle das Forças Armadas”, afirmou o ministro, que disse que o envio das tropas não é intervenção em Roraima e que, por enquanto, não pode precisar o número de militares que serão deslocados para o estado.

Jungmann analisou também o problema causado pela entrada de refugiados venezuelanos no Brasil. “A questão ali se dá entre dois fluxos: o fluxo de venezuelanos que entram no Brasil e o fluxo de interiorização. Se o número de migrantes for muito maior que a interiorização e a capacidade dos abrigos, você começa a ter venezuelanos nas ruas e isso gera tensão e possibilidade de conflitos”, analisou.

“O Brasil recebe com muita dignidade, mas a situação daqueles que não conseguem ser abrigados é muito precária. Num momento eleitoral, há uma politização de uma tragédia humanitária que nunca poderia ser objeto de uma disputa política. Se o problema é xis, e a disputa eleitoral começa a propagar que o problema é 5 xis, 8 xis, isso acirra os ânimos e não deveria acontecer. Por isso, acho que é absolutamente adequado que se tenha o uso das Forças Armadas”, completou Jungmann.

Suely diz que pediu envio de tropas desde o ano passado 

Após saber da assinatura do decreto de envio de forças federais para Roraima, a governadora Suely Campos (PP) disse que em agosto de 2017 já havia feito a solicitação via ofício, para decretar Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na faixa de fronteira do Município de Pacaraima com a Venezuela. 

No ofício, o Governo de Roraima explica que imigrantes venezuelanos vinham se utilizando de cabriteiras (trilhas na mata) para o tráfico de armas e drogas em Pacaraima e na fronteira com a Venezuela e por isso era necessários a expedição do decreto de Garantia da Lei e da Ordem e o emprego das forças armadas na fronteira. 

A governadora disse ainda que em conversas telefônicas com o ministro da Defesa, general Silva e Luna, reafirmou os pedidos feitos ao presidente Temer de ressarcimento de R$ 184 milhões e instalação de Hospital de Campanha em Boa Vista para reduzir a demanda nas unidades de saúde do estado.

Suely afirmou que também voltou a pedir reforço da Força Nacional de Segurança para atuar junto com as forças estaduais de segurança em Pacaraima e em Boa Vista e a autorização imediata do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) para reforma da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, cujo projeto arquitetônico já foi apresentado e os recursos estão em conta. 

O prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato, também reiterou o pedido de envio de forças federais, mas disse que eles precisam da atuação dentro da área do município para garantir a lei e a ordem e não nas estradas e fronteiras. “Fiz uma solicitação, via ofício, para o secretário do ministro da Justiça ainda esta semana para intervenção na ostensiva, mas o decreto do presidente cita apenas rodovia e faixa de fronteira e isso eles já fazem aqui. Precisamos é de policiamento do Exército nas ruas. O que solicitamos não foi atendido”, criticou.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.