Cotidiano

Familiares denunciam falta de transporte escolar no interior

Alunos estariam há três semanas sem frequentar as aulas por não conseguirem ônibus escolar

Familiares denunciam falta de transporte escolar no interior Familiares denunciam falta de transporte escolar no interior Familiares denunciam falta de transporte escolar no interior Familiares denunciam falta de transporte escolar no interior

Desde o dia 31 de julho, estudantes dos municípios de Mucajaí e Iracema estão sem frequentar as escolas por falta de transporte escolar público. Conforme relataram familiares à Folha, o serviço já havia apresentando problema no mês de junho, voltou ao normal por duas semanas e agora está paralisado novamente.

A diarista Ozana Silva disse que a filha, estudante do 9º ano da escola Dom Pedro II, não tem como ir à escola sem o transporte escolar, já que mora na vicinal Serra da Prata, a 27 quilômetros da cidade de Iracema. A mãe da estudante relatou que na segunda-feira, 20, o transporte passou para buscar a aluna, mas não sabe se o serviço vai continuar normalmente.

“Nessa segunda eles passaram por aqui, mas ela perdeu três semanas de aula. A gente não tem como ficar bancando um transporte para estar levando todos os dias para a escola porque teria que ir por volta do meio-dia, já que ela estuda no período da tarde, e a gente ficaria por lá o dia todo até ela voltar. Mas eu trabalho e ficaria complicado me ausentar para esperar ela por lá”, afirmou.

Ozana ressaltou que entrou em contato com o motorista da frota de ônibus que realiza o transporte no município e que ele teria relatado que estavam sem receber salário há mais de sete meses e que por conta disso resolveu paralisar as atividades.

Segundo ela, o problema persiste em outras vicinais, o que resultaria em torno de 150 alunos sem conseguirem chegar à escola pela falta de ônibus. “A última vez que entrei em contato com eles [Seed] foi em junho. Inclusive a minha filha e esses outros alunos ficaram sem a nota do segundo bimestre e agora, no início do terceiro bimestre, eles já estão com três semanas de falta”, pontuou.

Em relação à reposição de aulas, a diarista disse que uma reunião foi convocada para a tarde de ontem, 21, em que seria discutida como ficaria a questão, mas que inicialmente a ideia era colocar as aulas em período integral e que as notas do segundo bimestre seriam repetidas conforme o resultado do terceiro bimestre.

Já no Município de Mucajaí a dona de casa Ozenilde Sousa relatou que a situação é a mesma e que tem procurado algumas medidas para conseguir levar a filha para a escola, mas que nem sempre consegue por conta da distância. Ela mora na vicinal Russina, que fica a 18 quilômetros da cidade.

“Nenhuma vicinal está recebendo o transporte escolar em Mucajaí. Eu tive que mandar a minha filha de moto porque ela já estava há muito tempo sem aula. Ninguém da escola ou do transporte nos procurou para falar sobre o que estava acontecendo, então estamos sem informação nenhuma sobre isso. Já liguei para o motorista e o celular dele está sempre desligado”, garantiu.

A mãe da aluna contou ainda que a situação acontece desde o começo do ano e que, por conta da falta de ônibus, a filha está sendo prejudicada no rendimento escolar. “Esses dias me ligaram da direção para saber por que ela estava faltando tanto, eu disse que ela dependia do transporte e foi quando eles souberam do que estava acontecendo, mas que não podiam fazer nada em relação a isso”, lamentou.

Na escola de Mucajaí, a dona de casa relatou também que a falta de merenda escolar é frequente e que por isso os alunos estavam sendo liberados mais cedo. Sobre a reposição, a escola não teria informado como aconteceria o processo.

Seed diz que contratação de empresa está em andamento

Por meio de nota, a Secretaria de Educação e Desporto (Seed) informou que a anulação do processo emergencial decorreu por determinação Tribunal de Contas do Estado (TCE), desta forma prejudicou o atendimento de algumas rotas, que tinham veículos prestando o serviço.

Adiantou também que um novo processo está sendo feito, atendendo às exigências, e tão logo se conclua, será feita nova contratação de empresa prestadora do serviço.

Informou ainda, que no momento que o transporte escolar for regularizado, com a nova contratação, as aulas serão repostas, e não haverá prejuízo intelectual aos alunos, com o cumprimento dos 200 dias letivos, previstos na legislação em vigor.

Finalizando, ressaltou que a merenda escolar está sendo distribuída e regularizada em todos os municípios de Roraima.

MP afirma que acompanha situação

O Ministério Público Estadual (MPRR) informou, por meio de nota, que atualmente tramita na Justiça estadual ação civil pública referente à falta de transporte escolar no município de Mucajaí. Em razão de reclamações recentes, o promotor de Justiça de Mucajaí, Ulisses Moroni, requereu a inclusão de novas informações no processo. O MPRR requereu, ainda, audiência urgente com o Governo do Estado, que está marcada para o dia 6 de setembro no Fórum de Mucajaí. A ação aguarda decisão judicial.

O órgão ministerial também cobrou em julho deste ano informações à Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) acerca de irregularidade na oferta de transporte escolar aos alunos residentes na vicinal Serra da Prata e atendidos pela escola Dom Pedro II, Município de Iracema e reiterou o pedido de informações e aguarda resposta do Governo do Estado.

A nota seguiu dizendo que o MPRR também requisitou informações à Seed em março deste ano sobre o fornecimento de merenda escolar em todas as escolas da rede estadual de ensino nos Municípios de Iracema e Mucajaí. Em resposta, a Secretaria informou que o fornecimento encontra-se regular. Apesar das informações prestadas pelo governo, nesta terça-feira, 21, o Ministério requereu novo pedido de informações acerca do assunto.(A.P.L

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.