DESASTRE NATURAL

Moradores de RR relatam dificuldades para escaparem de enchentes no Rio Grande do Sul

Conforme o último boletim da Defesa Civil, o Rio Grande do Sul registra 90 mortos, 132 desaparecidos e 361 feridos

Moradores de RR relatam dificuldades para escaparem de enchentes no Rio Grande do Sul Moradores de RR relatam dificuldades para escaparem de enchentes no Rio Grande do Sul Moradores de RR relatam dificuldades para escaparem de enchentes no Rio Grande do Sul Moradores de RR relatam dificuldades para escaparem de enchentes no Rio Grande do Sul
As enchentes devido às chuvas iniciaram no dia 29 de abril (Foto: Reprodução/Gustavo Mansur)
As enchentes devido às chuvas iniciaram no dia 29 de abril (Foto: Reprodução/Gustavo Mansur)

Devido às chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde a semana passada, o estado já registra 90 mortos, 132 desaparecidos e 361 feridos, conforme o último boletim da Defesa Civil. Ao todo, cerca de 1,3 milhão de pessoas foram impactadas pelo temporal, visto que 388 dos seus 497 municípios foram afetados de alguma forma.

A situação impactou não só moradores, os quais muitos estão em abrigos ou desalojados, mas também turistas que estavam de passagem pela região e enfrentaram momentos de dificuldades para conseguirem voltar para casa. É o caso da Ana Paula Fonseca e da Magaly Rocha, moradoras de Roraima que estavam em Gramado, na serra gaúcha, quando a água atingiu o local.

LEIA MAIS

Ana Paula em Gramado, RS (Foto: Arquivo pessoal)

A advogada Ana Paula relatou que chegou em Caxias do Sul, no dia 1°, para viajar de carro até Gramado, a fim de participar de um congresso. As dificuldades começaram ainda no início da viagem, quando foi informada de que a via comum para a cidade estava interditada. Após seguir em outra estrada, se deparou com um engarrafamento, pois a via também estava fechada devido ao rompimento de uma barragem próxima.

“Conversei com pessoas que estavam ali presas no engarrafamento também e uma delas sugeriu outra rota alternativa. Segui acompanhando o carro e, na pista, havia árvore caída e áreas completamente alagadas. Vi um carro que tinha atingido uma árvore e estava abandonado. Nessa hora fiquei preocupada, mas continuei o caminho até chegar em Gramado”, disse.

Caminho alternativo de Caxias do Sul até Gramado (Foto: Arquivo pessoal)

Após chegar na cidade, Ana Paula foi avisada que o congresso havia sido adiado. Como o voo de volta estava marcado para esta terça-feira (7), a advogada disse que resolveu continuar em Gramado para passear, mesmo com alguns pontos turísticos fechados. Porém, na sexta-feira (3), ela percebeu que a situação tinha se agravado ao ponto em que mortes foram registradas no município.

“As regiões rurais perto de Gramado começaram a alagar e as notícias só pioravam, isso me deixou receosa. Fiquei sabendo que as pessoas estavam indo para Florianópolis de carro e me organizei, junto com as meninas que também estavam lá para o congresso, para fazermos isso. Depois que chegamos em Santa Catarina, estava com sol e tranquilo, me senti bem mais segura”, afirmou.

O asfalto em Gramado cedeu em virtude da infiltração de água no solo (Foto: Halder Ramos/Especial)

Ana Paula revelou ter sentido medo e ansiedade diante da situação. Disse ainda que, na garagem do hotel onde estava hospedada, a água atingia os joelhos. Agora, em Florianópolis, ela conseguiu alterar o voo e vai deixar o Sul nesta quarta-feira (8).

“O que me deixou mais aflita foi a incerteza de não saber para onde ir ou o que fazer, notícias e relatos de moradores da região, que disseram nunca terem visto uma situação como aquela. A gente tinha medo de acontecer alguma coisa, não conseguia dormir direito, mas tentei manter a estabilidade emocional. Estou feliz de estar segura, mas é uma situação muito triste”, contou.

Família de Magaly em Gramado antes da cidade ser atingida pela água (Foto: Arquivo pessoal)

O relato da advogada é semelhante ao da neuropsicóloga Magaly Rocha, que viajou para Gramado a passeio com a família e precisou sair de lá devido aos alagamentos. Assim como Ana Paula, a família de Magaly conseguiu se deslocar até Florianópolis.

“Chegamos dia 29 em Gramado. Deveríamos ter voltado para Boa Vista na segunda [6], mas saímos de Gramado na quinta [2] por medo dos bloqueios e porque já não tinha energia no hotel. Estava sem internet em vários pontos da cidade e a informação era de que iria piorar”, relatou.

Segundo Magaly, quando ela e a família chegaram em Porto Alegre, foram para um hotel, mas no dia seguinte foi necessária a troca, pois a água já havia chegado no anterior. Eles voltam para Roraima nesta terça-feira (7).

“Fomos para outro local e saímos ontem [6] de lá. Hoje vimos a matéria de que no bairro do nosso hotel estava em pedido de evacuação. Optamos por não filmar e não fotografar nada. A situação era ruim e os moradores estavam em muito sofrimento”, pontuou.

Parte de Novo Hamburgo atingida pela água (Foto: Divulgação/Décio Marques)

“Sentimento de impotência”

Nascida e criada em Novo Hamburgo, a gaúcha Neia Dutra, que vive em Roraima, relatou a angústia em ouvir relatos de familiares que foram prejudicados pelas chuvas. Ela afirmou que a irmã, da cidade Cachoeira do Sul, perdeu tudo nas enchentes.

“Tenho sobrinhos que perderam algumas coisas também. Minha tia, da região de Três Coroas, viu a água levar a casa dela. A da minha mãe não foi atingida e ela está segura, então está abrigando duas famílias que perderam tudo. Em outras regiões, está tudo alagado”, disse.

Apesar de não poder ir até o Rio Grande do Sul, Neia comentou que tenta ajudar a família e os amigos à distância, seja comunicando autoridades ou verificando estradas acessíveis. A jornalista planeja ir para o estado, assim que possível, para atuar na linha de frente como voluntária. “Dá um sentimento de impotência muito grande por ver o lugar onde eu nasci assim e não poder estar lá para ajudar”.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.