SAÚDE INDÍGENA

Estrutura do Dsei Leste não atende demanda atual, diz tuxaua Macuxi

Informações de falta de pessoal, de carros e de gasolina, além de medicamentos foram repassadas por Lupedro Moraes; o Dsei não respondeu

Estrutura do Dsei Leste não atende demanda atual, diz tuxaua Macuxi Estrutura do Dsei Leste não atende demanda atual, diz tuxaua Macuxi Estrutura do Dsei Leste não atende demanda atual, diz tuxaua Macuxi Estrutura do Dsei Leste não atende demanda atual, diz tuxaua Macuxi
As lideranças indígenas urgência ao reconhecimento da professora ao cargo. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)
As lideranças indígenas urgência ao reconhecimento da professora ao cargo. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

A estrutura do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Leste Roraima não atende a demanda atual, segundo o tuxaua Macuxi, Lupedro Moraes. O distrito estaria com o quadro de pessoal, infraestrutura e de saúde desde quando foi criado em 2010.

À FolhaBV, Lupedro relatou que enviou seis ofícios ao Dsei Leste apresentando uma defasagem na unidade que atende, hoje, 342 comunidades das etnias Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Patamona, Taurepang, Sapará e Wai-Wai. De acordo com o tuxaua da Comunidade Volta do Teso, em Normandia, quando a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) foi criada no Brasil, em 2010, o Dsei Leste passou a atender mais de 40 mil indígenas. Em 2024, [o número] vai chegando a 70 mil indígenas.

A estrutura do distrito nunca foi aperfeiçoada e está trabalhando como população de 40 mil. É uma defasagem muito grande e problemas grandes. O primeiro deles é com a frota de veículos que atendia lá. Até março de 2024, havia uma frota de 76 veículos. Era contrato emergencial com uma empresa e a coordenação vinha trabalhando com prorrogação do contrato por quinzena. […] Quando terminou o contrato, a empresa tirou 50% de veículos, o que era pouco se tornou quase nada. O mais grave de tudo isso é que pessoas precisam de remoção emergencial estão totalmente prejudicadas

afirmou Lupedro.

Outros problemas citados pelo tuxaua foi o racionamento de combustível, falta de pessoal e medicamentos, além de horas-voo insuficientes para atender a demanda do Distrito. As UBSi (Unidades Básicas de Saúde Indígena), inauguradas recentemente, também teriam poucos equipamentos.

Sede do Dsei Leste Roraima (Foto: Diane Sampaio/arquivo FolhaBV)

Lupedro afirmou que participou de uma reunião entre a coordenação do Dsei Leste e a Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiurr) realizada também em março. Na ocasião, a coordenação teria repassado que realiza os processo licitatórios e que isso leva tempo.

“A gente entende que o processo é burocrático. Mas a população não tem nenhuma responsabilidade do que é a burocracia. […] O que me traz a falar do Distrito é a falta de uma equipe competente para destravar isso”, disse o indígena.

Mortes de indígenas

O Dsei Leste Roraima tem 34 polos base e assiste mais de 12 mil famílias indígenas na área de 11 municípios. Foto: reprodução/CIR

Ainda segundo o tuxaua Lupedro Moraes, em 2023, morreram 285 indígenas atendidos pelo Distrito Sanitário Especial Leste Roraima. Desses, 225 foram adultos, 51 crianças e 9 suicídios. Para ele, esse dado retrata um “abandono” do governo federal.

No Censo de 2023, morreram cerca de 300 Yanomami, mas os Yanomami possuem fatores desfavoráveis a eles que somam esse número de óbitos. Se a gente for comparar o mesmo período de 2023 com os indígenas assistidos pelo Distrito Leste morreram mais de 280 indígenas, pouco menos que os Yanomami e isso é inaceitável. Não pode morrer tanta gente assim, não estamos em um habitat desfavorável. Eu sou usuário do Dsei Leste, mas a falta uma gestão compromissada com o seu próprio povo é que faz acontecer isso

criticou Lupedro.

A FolhaBV procurou o Dsei Leste Roraima solicitando posicionamento, mas não houve retorno até a publicação. O espaço segue aberto.

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