Ter sucesso não é umas tarefas mais fáceis, porque poucas pessoas observam ou consideram o sacrifício que as pessoas tiveram ao longo do tempo na construção dessa caminhada. As pessoas acham que o sucesso é construído sem que dificuldades e obstáculos estejam presentes e muitos acham que o fracasso não anda lado a lado com o sucesso.
Um lerdo engano. As pessoas que alcançaram o ápice também erraram, erraram muito, foram ignorados, como o caso do autor de Herry Potter, J. J. Rowling, que teve seu primeiro livro rejeitado 12 vezes, o escritor brasileiro Paulo Coelho foi considerado uma pessoa com QI baixo, Michael Jordan errou mais cestas do que acertou e perdeu vários jogos ao longo de sua carreira. E hoje, qual o posicionamento dessas pessoas em nossas mentes e em nosso subconsciente?
O sucesso é uma faceta da existência humana que frequentemente serve tanto como fonte de inspiração quanto de inveja. Sua presença em nossas vidas pode ser um catalisador para o crescimento pessoal e profissional, mas também pode despertar sentimentos menos nobres em outras pessoas que, às vezes, não sentem inveja do que você tem, mas simplesmente desejam que você não tenha. Este ensaio explora as diversas reações ao sucesso e como ele pode, paradoxalmente, gerar desconforto e animosidade em um ambiente social.
Primeiramente, é fundamental entender o que significa sucesso. Comumente associado a realizações tangíveis como riqueza, status e poder, o sucesso também pode ser percebido em termos mais subjetivos, como a realização pessoal, a felicidade e a contribuição para a sociedade. Independentemente da definição, o sucesso é frequentemente visível e mensurável, tornando-se um marcador social que diferencia os indivíduos uns dos outros.
Na sociedade, o sucesso de uma pessoa não raramente é visto como um espelho que reflete as inseguranças e falhas de outras. Isso ocorre porque, em muitas culturas, há uma competição subjacente nas relações sociais e profissionais. O sucesso de alguém pode ser interpretado como um lembrete das oportunidades perdidas, dos fracassos ou da estagnação na vida de outros, o que pode levar a sentimentos de ressentimento, mágoa e perda de foco.
Além disso, o sucesso pode perturbar o status quo. Quando uma pessoa alcança o sucesso pleno, acima da média, especialmente se for de forma rápida ou inesperada, isso pode desafiar as noções prévias de hierarquia e ordem dentro de um grupo, comunidade ou sociedade como um todo. As pessoas tendem a se sentir confortáveis com o previsível; portanto, quando alguém quebra essas expectativas, pode causar desconforto e até hostilidade.
A inveja é uma das emoções mais comuns desencadeadas pelo sucesso alheio. Ela se manifesta quando desejamos o que outros possuem, sentindo ao mesmo tempo descontentamento pela nossa falta, muitas vezes não admitidas que essa ausência está intimamente ligada a zona de conforto em que residimos, ou mesmo na falta de atitude e miopia em relação as oportunidades que surgem. A inveja pode ser particularmente venenosa, pois não apenas deseja o bem alheio, mas também pode desejar que o outro não possua mais aquilo que é invejado. Nas redes sociais, essa dinâmica é amplificada, onde a exposição constante aos sucessos alheios pode fazer com que as pessoas sintam que suas próprias vidas são menos satisfatórias em comparação a dos outros. O mundo digital ou bolha digital criada pelo crescimento das redes sociais criou cenários ideais, acessíveis a todos, fáceis, onde o esforço e sacrifício focaram em segundo plano e as vezes até são esquecidos.
No entanto, o sucesso também pode ser um poderoso motivador. Para algumas pessoas, observar o sucesso dos outros serve como inspiração e um catalisador para o próprio esforço e dedicação. Esse é um lado positivo, onde o sucesso alheio não é visto como uma ameaça, mas como um exemplo a ser seguido. A admiração, ao contrário da inveja, adiciona um valor construtivo à maneira como percebemos as conquistas alheias.
O sucesso também levanta questões sobre mérito e justiça. Em muitos casos, pode parecer que algumas pessoas alcançam sucesso de maneira desproporcional ou não merecida. Isso pode intensificar sentimentos de injustiça e alimentar a crença de que o sistema favorece injustamente certos indivíduos ou grupos. Esse aspecto pode ser particularmente polarizador em sociedades onde as disparidades econômicas e de oportunidades são pronunciadas.
Além disso, o sucesso pode trazer consigo uma carga de responsabilidade e expectativa que muitas vezes é subestimada. Aqueles que alcançam grandes feitos podem se encontrar sob um escrutínio constante, e qualquer falha subsequente pode ser recebida com uma dose extra de schadenfreude, um prazer perverso na desgraça alheia. Isso pode criar um ambiente onde o sucesso não é apenas difícil de alcançar, mas também desafiador de manter.
Em ambientes corporativos, o sucesso pode alterar dinâmicas de equipe e influenciar o comportamento interpessoal. Líderes bem-sucedidos muitas vezes enfrentam o desafio de gerenciar ciúmes e competição entre subordinados, o que pode levar a conflitos e problemas de moral. A liderança eficaz nesses contextos envolve reconhecer essas dinâmicas e trabalhar ativamente para cultivar uma cultura de apoio mútuo e reconhecimento equitativo das contribuições de todos.
Em suma, o sucesso é uma faceta dupla: é tanto aspiracional quanto divisória. Ele reflete as melhores e as piores tendências nas reações humanas. Uma sociedade que promove uma visão mais holística e inclusiva do sucesso, que valoriza tanto as conquistas individuais quanto o bem-estar coletivo, pode ajudar a mitigar algumas das reações negativas associadas a ele. Encarar o sucesso dos outros como uma fonte de inspiração e um chamado à ação pode transformar o incômodo em oportunidade, incentivando todos a buscar a sua própria versão de sucesso, de forma ética e harmoniosa.
Por: Weber Negreiros
CEO da WN Treinamento, Consultoria e Planejamento
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