Cotidiano

Nutricionistas alertam para risco de consumo de alimentos sem orientação

Conforme os especialistas, existem muitas recomendações na hora de incluir os itens light, diet e suplementos na alimentação diária

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A preocupação com a saúde e a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis vem cada vez mais ganhando espaço na vida dos brasileiros, tendo inclusive virado nicho de mercado com o surgimento de lojas especializadas em vendas de produtos fitness. Porém, especialistas alertam que é preciso ter muito cuidado ao adotar o consumo de alimentos light e diet sem a orientação médica.

De acordo com a nutricionista clínica e mestre em Ciências da Saúde Liana Macedo Almeida e com o nutricionista Marco Antônio Gaioto, é preciso levar em consideração primeiramente na diferença entre diet e light.

Na legislação alimentícia, o produto light é aquele que tem redução de pelo menos 25% de algum ingrediente, podendo ser a gordura, o açúcar, o sal, entre outros. Já o diet é quando há a retirada total de um nutriente, sendo na maioria das vezes o açúcar e normalmente direcionado para quem tem diabetes.

Gaioto alerta que um chocolate diet pode ser sem açúcar, mas ter outros tipos de adoçantes para continuar doce e aumentar seu índice de gordura. “Quando se usa um adoçante artificial, a textura é modificada e por isso é acrescentado mais gordura para manter a textura o mais parecido possível com o chocolate normal. A pessoa paga caro e acha que pelo fato de ser diet vai emagrecer, o que é um erro”, explicou.

Conforme Liana, os produtos light e diet podem ser utilizados para a dieta, assim como um alimento normal, mas depende de toda uma avaliação do que a pessoa está consumindo e qual o seu objetivo com o regime. “O que vai determinar a perda de peso é o balanço energético, ou seja, comer menos calorias do que você gasta. Claro que é preciso qualidade e os nutrientes distribuídos de maneira adequada, para sua idade, seu peso e nível de atividade física que se pratica, por exemplo”, afirma Liana.

No caso do consumo dos produtos light por diabéticos, a especialista afirma que é preciso avaliar bem o tipo de alimento e qual nutriente que foi reduzido. “Se for um alimento que não tenha açúcar na sua composição e o que está sendo reduzido é outro tipo de nutriente, aí o paciente pode. Agora se tiver açúcar na composição, o ideal é não usar, mesmo que o açúcar esteja reduzido”, completou.

Outra situação é o fato de alguns produtos serem vendidos sob uma grande publicidade, mas não terem a comprovação científica necessária de que são capazes de executar os feitos que se veem nas propagandas. “Hoje o mercado está inundado de produtos fitoterápicos, de suplementos nutricionais, principalmente os esportivos, mas as resoluções do nosso Conselho e do nosso Código de Ética são bem claras em se utilizar aquilo que tem efetivação e que tem comprovação científica”, ressaltou Liana.

SUPLEMENTOS – Outro item que também tem sido encontrado com frequência em lojas especializadas e farmácias são os suplementos alimentares. Os produtos são, na sua maioria, compostos alimentares com concentrados proteicos ou de carboidratos, vitamínicos e minerais, que não visam causar nenhum dano à saúde.

“Como o próprio nome diz, eles são para suplementar uma alimentação ou acrescentar nutrientes, eles não emagrecem. É preciso o cuidado, pois nem todos os disponíveis no mercado são adequados e alguns fazem mal à saúde”, avaliou Marco Antônio.

Quanto aos suplementos, Liana diz não aprovar o uso indiscriminado da forma como está hoje. Ela diz que são poucos os casos que realmente precisam lançar mão de suplementação no caso das pessoas que trabalham com o corpo, como os fisiculturistas que tem toda uma preparação e dieta diferenciada. Fora isso, é preciso atenção.

“Os alimentos são a maior fonte de nutrientes que a gente precisa. Alguns suplementos são adicionados de vitaminas, de minerais, mas o melhor lugar para a gente encontrar esses nutrientes ainda são os alimentos. Inclusive, estão na sua forma mais biodisponível, em que o organismo absorve e aproveita melhor. Se o paciente estiver numa dieta balanceada, o suplemento só vai onerar o bolso do consumidor sem necessidade”, ponderou.

A nutricionista reforça que o uso sem orientação médica pode trazer danos futuros, pois existem alguns suplementos que têm contra-indicações. Os termogênicos, por exemplo, que aceleram o metabolismo não devem ser utilizados por pacientes hipertensos ou que têm algum problema cardíaco.

“Por isso o profissional da saúde tem que conhecer o produto e saber para o que ele faz para evitar esses danos. Pacientes com problemas hepáticos, renais, que têm esses problemas têm que ser muito bem avaliados. Eles podem tomar suplemento, até podem, mas quando a alimentação não consegue ajudar sozinha”, frisou.

Ideal é procurar orientação médica

De acordo com os especialistas da área de nutrição, ao tentar levar uma vida mais saudável, o ideal é que a pessoa fosse primeiro avaliada para que a dieta fosse adequada de acordo com alguns fatores determinantes, como peso, altura, idade, gênero, nível de atividade física.

O cardápio disponibilizado para essa pessoa também tem que estar de acordo com o hábito alimentar, a sua cultura e com o que ela vai conseguir fazer. O ideal é que o profissional conheça a rotina do paciente, saiba o que vai ser possível executar e buscar estratégias para fazer com que a alimentação seja concluída.

“Se a pessoa fica mais tempo fora de casa, tem que ser um alimento prático, que pode ser preparado em casa e levado. No lugar onde ela vai estar, é possível refrigerar? Todas essas questões têm que ser levadas em consideração no planejamento do cardápio para que a pessoa consiga executar. Só depois disso que a gente vai pensar em suplemento”, reforçou Liana.

A nutricionista explicou que o organismo tem uma série de mecanismos em que algumas coisas são possíveis de se armazenar, mas muito daquilo que não se usa, é descartado. “Então, uma quantidade excessiva de proteína, por exemplo, pode ser jogada fora. Ou estocada na forma de gordura, quando é ingerida de forma excessiva”, frisou.

Por fim, Liana disse acreditar na alimentação saudável, sem modismo e sem dietas restritivas. “Eu creio que essa moda, redes sociais, falta de regulação, propaganda irrestrita, exposição de corpos perfeitos, e tudo isso, talvez tenha aumentado a propagação desse tipo de alimento e esteja causando esse boom do aparecimento de lojas que trabalham com esse nicho de mercado”, avaliou.

Para a nutricionista, o que é realmente preciso para manter uma alimentação saudável ao longo dos dias é consumir alimentos de todos os grupos como proteínas, carboidratos, de preferência os integrais, gorduras, frutas e verduras que são fonte importante de vitaminas e minerais. Tudo isso, levando em consideração o gasto energético de uma pessoa para manter um peso saudável.

“A regra é procurar ter uma alimentação mais saudável possível evitando usar alimentos processados e industrializados. A máxima é descasque mais e desembale menos”, concluiu a especialista. (P.C.)

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