Comerciantes da Feira do Passarão, localizada no bairro Caimbé, denunciaram à reportagem da Folha a falta de apoio do Governo do Estado para realizarem suas atividades durante o período de obras de reforma do local. Os feirantes alegam que a estrutura improvisada, para que eles trabalhem durante a obra, está sendo construída com recursos próprios.
Maria Gomes, de 70 anos, é comerciante na feira há mais de duas décadas. Ela diz que a reforma é necessária, mas relatou que teve uma despesa inesperada com a construção de uma barraca improvisada. “Estou muito feliz com a reforma, mas esse dinheiro que vou ter que desembolsar para construção do lugar onde vou comercializar meus produtos até a reforma ser feita não estava nos meus planos. Não sei como vou fazer para resolver essa situação. Está difícil e não tenho o valor necessário”, afirmou.
A também feirante Maria Almeida, que trabalha no Passarão há quatro anos, já desembolsou R$ 500 com a obra. “É difícil. Não posso ficar sem trabalhar. Meu trabalho é vender comida e, para não perder a renda, tive que construir uma barraca e desfalquei meu orçamento. Agora tenho que fazer algo para cobrir os R$ 500 que gastei”, disse.
Conforme um comerciante que trabalha na feira há 10 anos e não quis ser identificado, nas últimas duas semanas, todo o valor apurado nas vendas está sendo voltado para construção da estrutura improvisada. “Para não deixar de trabalhar, tudo que estou vendendo nos últimos 15 dias é para a construção. Parei de comprar as coisas para casa e estou dando prioridade à obra. Infelizmente não tivemos apoio do governo neste sentido”, salientou.
OUTRO LADO – A Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinf) informou que está sendo realizada uma reforma geral na Feira do Passarão. Os serviços começaram em dezembro e contemplam a reconstrução total dos boxes, troca do piso, revitalização da parte elétrica, incluindo duas subestações de energia, revitalização da parte hidráulica, esgoto e cisterna, telamento do teto para evitar pombos, novos banheiros, reforma da câmara fria, acessibilidade, iluminação externa e construção de um muro no entorno de toda a feira, garantindo mais segurança aos feirantes e clientes.
Durante a execução da obra, os feirantes estão sendo remanejados para uma rua atrás da Feira, que já foi liberada pela Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur). A previsão é que os serviços sejam concluídos em julho. O investimento é de R$ 3.166.940,67. A Seinf não se pronunciou sobre a reclamação dos feirantes. (E.S)