A partir de hoje, 2, indígenas venezuelanos da etnia Warao, principalmente crianças e idosos, serão encaminhados à Casa de Passagem, construída em Pacaraima, município que faz fronteira com a Venezuela, localizado a cerca de 200 quilômetros da capital, zona Norte do Estado. O local cedido pelo Governo do Estado vai abrigar cerca de 120 imigrantes indígenas, entre adultos e crianças, na região do Centro, próximo a Feira dos Produtores.
À Folha, o prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato, afirmou que o espaço conta com banheiros e um galpão, que servirá como área de alimentação. Conforme Torquato, a previsão é de que até o sábado, 4, todos os indígenas estejam abrigados. A área externa, onde serão montadas as barracas da Defesa Civil, deve ser utilizada no caso de haver uma demanda acima do número esperado.
Nesse primeiro momento, os imigrantes deverão cozinhar por conta própria, recebendo apenas os ingredientes da Prefeitura de Pacaraima, do Estado e de outras entidades e pessoas interessadas em contribuir. O prefeito informou ainda que, após a instalação dos abrigados, uma cozinha deverá ser construída no abrigo. “A urgência foi construir o abrigo para que pudéssemos tirá-los das ruas”, disse.
Hoje, dia 2, os indígenas Warao vão contar com a ação de equipes formadas por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem que serão responsáveis pelo rastreamento e triagem de todos os imigrantes, a fim de reconhecer e medicar os que precisarem. Além disso, os Warao vão receber um cartão onde vão constar as enfermidades e especificidades de cada um, o cartão de vacina e os medicamentos necessários.
Torquato declarou que, quando os imigrantes começaram a chegar a Roraima, não imaginou que a situação iria se expandir da forma que aconteceu. Contudo, um ano após a chegada dos Warao a Pacaraima, ele viu a importância de cuidar, principalmente, das crianças, oferecendo o mínimo de condições de sobrevivência. Por conta disso, foi pensada a construção do abrigo no município.
Para o prefeito, o local pode ajudar na situação dos indígenas, por enquanto. No entanto, ele apontou que a situação deverá ser discutida junto ao Governo Federal e Fundação Nacional do Índio (Funai), para que outras estratégias sejam montadas em relação ao warao. “Nosso município não possui estrutura de emprego e áreas de residência para dar melhores condições a essas famílias”, destacou.
Torquato pontuou que o município tem trabalhado com recursos próprios em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e os mórmons, que estão dando aporte em relação aos materiais necessários para a construção e abastecimento do abrigo, apesar de estar esperando pelo projeto que se encontra em fase de liberação de recursos junto ao Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA).
“Não tenho um número exato, mas a estimativa é de que mais de R$ 200 mil foram investidos para a estrutura do abrigo”, relatou. Em relação ao Estado, ele apontou que o governo auxiliou a construção do abrigo cedendo o espaço e permitindo que a Defesa Civil fizesse o transporte de material. Segundo ele, a Defesa Civil também está trabalhando junto aos assistentes sociais, como é feito na capital, para que consigam mais alimentos e medicamentos.
DOAÇÕES – O prefeito aproveitou para agradecer e pedir o apoio da população que estiver solidário com a situação, a fim de que possam ser doados alimentos, medicamentos, roupas, produtos de higiene e limpeza aos warao. As doações podem ser feitas na sede da Prefeitura de Pacaraima. “Temos uma equipe preparada para receber e repassar as doações para a equipe responsável pela distribuição junto aos indígenas”, finalizou. (A.G.G)