Polícia

Homem que matou travesti a facadas se apresenta à polícia e alega legítima defesa

Homem que matou travesti a facadas se apresenta à polícia e alega legítima defesa Homem que matou travesti a facadas se apresenta à polícia e alega legítima defesa Homem que matou travesti a facadas se apresenta à polícia e alega legítima defesa Homem que matou travesti a facadas se apresenta à polícia e alega legítima defesa

Acompanhado de dois advogados, um servidor público de 58 anos procurou a Delegacia-Geral de Homicídios (DGH), por volta das 12h desta quarta-feira, 25, e se apresentou à autoridade policial como autor das mais de 20 facadas desferidas contra Angelo Tablante, de 27 anos, travesti venezuelana conhecida como Stefany. O crime ocorreu no começo da noite de domingo, 22, na esquina das ruas Floriano Peixoto e Sílvio Botelho, Centro, na Orla Taumanan. 

O suspeito alegou que agiu em legítima defesa. Na tarde de ontem, o titular da DGH, delegado Cristiano Camapum, recebeu a imprensa em coletiva para dar detalhes das investigações. “Os agentes foram acionados e identificaram que alguém anotou a placa do veículo. Viram que a companheira da vítima estava no local, ela foi ouvida e, em seguida, a trouxemos para a DGH. Ela reconheceu a pessoa dona do veículo como o autor”, destacou o delegado.

A partir das informações dadas pela testemunha, Camapum determinou que as equipes iniciassem as diligências para efetuarem a prisão do suspeito. “Desde o domingo estávamos atrás dele para realizar a prisão em flagrante.

Só não foi possível a prisão em flagrante porque ele não ficou na casa dele e nem de parente. Ficou na casa de um amigo, não comentou o que tinha ocorrido para o amigo e ficou por lá”, acrescentou a autoridade policial.

Na tarde da terça-feira, 24, os advogados entraram em contato com a DGH informando que apresentariam o suspeito. Ele compareceu à unidade de polícia, confessou o crime alegando apenas legítima defesa. “A versão dele é bastante coerente de que houve uma tentativa de assalto, porque foi exatamente na porta da casa dele, quando entrava na garagem. Lá não é ponto de prostituição. Então, dificilmente elas [travestis] estavam fazendo programa no local”, ressaltou Camapum.

O delegado enfatizou que a quantidade de golpes desferidos com a faca é um agravante para o autor do crime. “Ele agiu em excesso, deu várias facadas, vai responder por homicídio, mas pode ser que ele não seja ‘cliente’. Como a outra travesti teria envolvimento nesse suposto assalto, para se livrar poderia ter contado a história de outro jeito. Tem duas versões e a dele é coerente”, frisou o delegado.

Outro fator que pesa contra o suspeito é a fuga, uma vez que não permaneceu no local para dar informações à polícia. “Ele fugiu, não ficou ao local, nem foi para a casa dele, senão, a gente teria feito a prisão. Esses fatos são circunstâncias que o prejudicam. O ideal é a pessoa se apresentar. Mesmo agindo em legítima defesa, a pessoa, quando mata outra, como pode acontecer, deve se apresentar à polícia porque, nesses casos, não ocorre a prisão em flagrante. É um benefício que a lei dá. A prisão é quando algum policial, agente público ou até popular dá voz de prisão. Pelo flagrante não é possível fazer prisão de uma pessoa que se apresenta”, observou o titular da DGH.

A polícia vai investigar as duas versões do crime, tanto da travesti que acompanhava a vítima, quanto do autor das facadas. “Vamos buscar pessoas que não sejam os envolvidos, porque tinha muita gente no local. Sempre chegam pessoas de barco vindas das praias, os frequentadores da Orla. Então, tem muita testemunha. Já consegui identificar duas e vou ouvi-las. Essas pessoas são isentas e vão explicar exatamente o que aconteceu. Naquele local era muito difícil fazer um programa sexual dentro do veículo. É movimentado, ainda era cedo, por volta das 18h30. A versão do autor do esfaqueamento é muito coerente e nós vamos investigar”, reforçou Camapum.

Mesmo que o caso seja configurado como tentativa de assalto, o delegado explicou que o autor do crime não deixará de responder pelo homicídio e, mesmo que se trate de legítima defesa, será processado pelo nítido excesso.

“Foram de oito a dez facadas nas costas da vítima, dando a entender que ela tentou fugir ou correr. Desse excesso ele não escapa, tem que ser julgado e, como é homicídio, vai ter que enfrentar o tribunal do júri. Quem vai dizer se esse excesso foi justo, pelas circunstâncias, são os jurados. Ela não escapa do indiciamento e nem de ser processado”, concluiu o delegado.

A DGH afirma que o caso será elucidado a partir das oitivas de novas testemunhas, isentas de beneficiarem ambas as partes durante os depoimentos. O homicida vai responder em liberdade porque a polícia entende que não apresenta motivo para o pedido da prisão preventiva, além de se apresentar com seus advogados. A única orientação dada pela DGH é que ele informe ao delegado caso mude de endereço. (J.B)

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