A celebração alusiva ao dia de São Pedro foi marcada com procissão e missa em Boa Vista. Mesmo sem a disponibilidade de balsa para transportar o público durante o cortejo fluvial, aproximadamente três mil católicos se reuniram para a caminhada. Os fiéis começaram a se reunir na Igreja Nossa Senhora de Aparecida, zona norte, por volta de 17h, para então iniciar a procissão em direção à Igreja de São Pedro, na zona leste da capital.

Há mais de dez anos acompanhando a programação, Celita Barbosa lamentou quando soube que não haveria a procissão fluvial com a balsa. Ainda assim, enfatizou ter entendido os motivos de segurança apresentados pela Marinha do Brasil. Sendo devota de São Pedro, não deixou de participar. Pelo terceiro ano consecutivo, a religiosa realizou a procissão ao lado do neto.

Celita relatou que há três anos, quando o neto adoeceu com forte febre e dores, decidiu fazer um pedido ao Santo Padroeiro dos pescadores. “Eu disse que, se meu neto ficasse bom, ele participaria das procissões comigo durante cinco anos”, lembrou. Até o falecimento do marido, ela participava das celebrações junto ao companheiro. Apesar da perda, afirmou que vai continuar participando até o reencontro com o amado.

Participantes do cortejo desde a infância, Eulália Maia e Nilceia Sousa iniciaram sua amizade durante uma novena. Hoje, compartilham a procissão com fé e devoção. Para Eulália, o catolicismo foi apresentado ainda cedo, por uma tradição da família. Desde então, ela não perde uma celebração da Igreja Católica. “Acredito em Deus e faço questão de participar”, disse.

Apesar de a maioria do público ter idade mais avançada, os jovens também estiveram em peso na procissão. Os irmãos Tássia e Sebastião Magalhães participam do ato desde a infância. De acordo com eles, a tradição foi passada pela avó, que participava da celebração em Caracaraí, a cerca de 240 quilômetros de Boa Vista, região centro-sul do Estado. “Quando ela se mudou pra cá, trouxe a tradição consigo”, informou Sebastião.

Completando dez anos de ordenação no dia de São Pedro, o pároco Paulo Mota garantiu que, mesmo sem a balsa, a procissão faria jus à festa de São Pedro e São Paulo. Para ele, tanto a procissão, quanto a missa, fortalecem o amor e a devoção entre os dois Santos. “Como todos os anos, acredito que vamos caminhar com fé. Que os católicos possam celebrar o dia de São Pedro todos os anos, com alegria e disposição”, contou.

SEGURANÇA – Para a segurança durante a procissão terrestre e o controle do trânsito, equipes da Superintendência Municipal de Trânsito (Smtran) estiveram presentes durante o percurso. Na procissão com os barcos, guarnições do Corpo de Bombeiros realizaram o acompanhamento.

PÚBLICO – Em um número menor que o ano passado, a procissão de São Pedro contou com aproximadamente três mil pessoas. Conforme a organização do evento, o número foi atribuído ao fato de não haver a procissão fluvial com a balsa. Ainda assim, os organizadores estimaram que um público maior estaria presente na missa.

PROCISSÃO FLUVIAL – A procissão remete à história de São Pedro, que foi pescador e tornou-se o padroeiro dos pescadores. O apóstolo de Jesus e pescador do mar da Galileia ganhou devotos no mundo inteiro. Como protetor dos pescadores, o santo é homenageado no dia 29 de junho com procissões marítimas em várias cidades do Brasil. Em Boa Vista, além das programações católicas, a data é lembrada também com o feriado municipal. (A.G.G)

Marinha proibiu a procissão fluvial com balsa por questão de segurança

Pela primeira vez, em 50 anos, a tradicional procissão com balsa não aconteceu por exigências da Marinha do Brasil relacionadas às embarcações utilizadas na procissão. Após uma reunião com donos de barcos, a instituição passou a exigir dos responsáveis a carteira fluvial fornecida pela própria Marinha. A medida visa tornar a celebração mais segura durante o trajeto fluvial. Também foi exigido pela instituição que as embarcações tivessem o dobro de coletes salva-vidas a partir da capacidade de passageiros. No entanto, após um entendimento com a Marinha, a procissão fluvial das imagens de São Pedro, São Paulo e Nossa Senhora de Aparecida, realizada anualmente no dia 29 de junho, foi realizada com o apoio de barcos certificados, pilotados por pessoas habilitadas e acompanhamento do Corpo de Bombeiros. (A.G.G)