Há nove anos residindo na Rua Bérgamo, no bairro Centenário, zona Oeste de Boa Vista, a servidora L. C. calça sandálias havaianas e coloca os sapatos que irá usar no trabalho dentro de uma sacola plástica. A tubulação de esgoto aos poucos chega ao local, juntamente com as calçadas, mas ainda não há asfalto.
Sempre que chove, o chão de terra se transforma em lama, com poças d’água que cobrem a entrada de várias casas. “Eu aproveito as calçadas prontas para andar até a minha casa [que tem uma grande poça na frente]”, relatou. “Mas está até boa a situação, em comparação ao que era antes”.
O vizinho, que pediu para não ser identificado, é mais incisivo na sua indignação. Morador da Rua Bérgamo há quatro anos, ele enche a casa de terra sempre que entra com seu carro. Sente um cheiro ruim, que não sabe identificar se é de lixo ou de alguma fossa, e é comum o carro atolar, assim como os caminhões de lixo e outros veículos que trafegam pela via. Isso quando não espirram a lama para dentro da residência.
“Hoje mesmo eu vi uma senhora enfrentando a lama a pé com o filho para pegar ônibus. A Prefeitura só passa máquinas tapa-buracos. Ela fez terraplanagem e rede de esgoto, mas ainda há partes baixas nas ruas, alagando. Não pedimos nem asfalto, porque ainda não dá, mas que pelo menos diminua esse lamaçal aqui e nas ruas próximas, Milão e Turim, que também estão desse jeito”, argumentou.
Na Rua 10 com a Rua Pinto Martins, no bairro do Aeroporto, localizado na zona Norte, a situação é a mesma: lama e água da chuva formando verdadeiras piscinas. O morador, que se identificou apenas como Izac, comentou que a Prefeitura esteve no local na semana passada fazendo a pavimentação. “Na terça-feira, trabalharam por uma hora e meia, e o fiscal da obra disse que uns dois centímetros de piçarra resolveriam o problema, sem ser preciso asfaltar”, indignou-se.
PREFEITURA – Em nota, a Prefeitura de Boa Vista afirmou que um convênio para as obras de drenagem e pavimentação das ruas Bérgamo, Milão e Turim já foi aprovado no Programa Calha Norte, do Governo Federal. Ainda neste mês será publicada a licitação. Em seguida, as obras começarão.
Para as Ruas 10 e Pinto Martins, no Aeroporto, a administração municipal está solicitando recursos federais para concluir a drenagem e a pavimentação destes e outros endereços do bairro. “É importante esclarecer que esse tipo de serviço, em função do alto custo de execução, depende de convênios com a União. A Prefeitura busca maneiras de resolver a situação e diminuir os transtornos para os moradores o mais rápido possível”, afirmou. (N.W)
Período de chuvas já começou no Estado
O período de chuvas já começou e a previsão é que seja mais intenso nos meses de junho e julho. Ainda neste mês, o nível das chuvas começa a aumentar, próximo a 200 mm, chegando a ultrapassar a marca de 300 mm em junho e julho. Os números estão dentro do esperado, conforme o analista ambiental e meteorologista da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (Femarh), Ramon Alves.
“Enquanto que em 2015 e 2016, tivemos longos períodos de seca, neste ano, tivemos o fenômeno La Niña, que é responsável pelo aumento de chuvas na Amazônia devido a correntes de ar vindas do Oceano Pacífico.
Em janeiro, o fenômeno foi bem calmo e agora as condições do Pacífico estão neutras. Teremos chuvas intercaladas: dois dias com precipitação, depois um dia sem, em média. Mas nem chegará perto do que aconteceu em 2011, quando tivemos registro de muitos alagamentos”, tranquilizou.
Ramon Alves explicou ainda que, desde o início do mês, chove nas áreas do Estado localizadas no Hemisfério Sul, enquanto no Hemisfério Norte começou a chover na semana passada. “É porque [a parte Sul] está mais perto do Amazonas. Lembrando que nosso período chuvoso é de abril a agosto, e o seco, de setembro a março”, finalizou. (N.W)