Cotidiano

Essenciais na hora do parto, 50 obstetras atuam na maternidade

Mulheres devem procurar médico obstetra assim que descobrirem a gravidez

Quando uma mulher descobre que está grávida, a primeira atitude a tomar é marcar uma consulta médica. O especialista na saúde da mamãe e do bebê é o obstetra e é por isso que hoje, 12 de abril, é a data ideal para ressaltar a importância dessa especialidade. Em Roraima, 50 profissionais da área atuam no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).

Desse total, 31 obstetras são estaduais, quatro federais e 15 cooperados. Eugênica Glaucy é uma dessas profissionais. Obstetra há 35 anos, a médica formou e se especializou em Belém (PA), conquistou título de especialista pela Federação Brasileira de Obstetrícia, mas hoje possui um título ainda expressivo: é uma das médicas que mais realizou partos em Roraima.

“Ser obstetra é mais que uma especialidade médica. É uma verdadeira militância. Somos responsáveis por cuidar da mulher no momento do parto e prestar assistência com dupla responsabilidade: atender a mãe e acompanhar o nascimento de um bebê com saúde e segurança”, enfatizou a médica, que concedeu entrevista à Folha entre uma cirurgia e outra.

“Voltei a Roraima em 1983, um ano após a maternidade ter sido inaugurada. Aqui [Roraima] ainda era território federal na época. Depois de todos esses anos, hoje faço partos de mulheres que nasceram na minha mão.

No entanto, o reconhecimento maior, para mim, ocorreu em 2006, quando implantei no Estado o ‘Parto Humanizado’, um programa da rede pública que oferece à mãe uma sala individual para o parto e possibilidade de escolher um familiar para ficar com ela durante o procedimento. É o momento mais marcante da vida da mulher e ela merece isso”, lembrou Eugênia, que hoje também é presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia de Roraima.

Passadas três décadas e meia, a médica analisa a mudança no comportamento das mulheres, levando em consideração a questão cultural. “As mães passaram a exigir mais, até pelo desenvolvimento do Sistema de Saúde do Brasil. A mulher passou a ter mais entendimento, começou a descobrir a necessidade de ter um atendimento mais qualificado. Naquela época, as mulheres eram educadas para o parto, inclusive, era mais comum o parto normal, até pela cultura das ‘parteiras’”, comentou.

Apesar das mudanças comportamentais, com incentivo médico e, principalmente, dos obstetras, algumas mulheres voltaram a valorizar o parto natural, como ressaltou Eugênia. “Naquela época, realmente o parto normal era muito mais valorizado. No entanto, aos poucos, as mães estão voltando à cultura do parto natural. Nós, como obstetras, temos que estar qualificados para acompanhar esse parto e fazer da cesariana uma condição de emergência. É o mais indicado”, pontuou.

Em relação às mudanças nos serviços oferecidos pela maternidade, a médica foi enfática: a unidade passou a ser mais respeitosa com o público feminino, mas ainda é necessária a implantação de mais leitos. “A maternidade evoluiu. Hoje apresenta mais conforto, tem capacidade para atender mais mamães, mas ainda não é o suficiente. Enfrentamos sim problemas de superlotação, mas precisamos levar em conta que a demanda aumentou. Hoje atendemos mães de todos os municípios de Roraima, da Venezuela, da República Cooperativista da Guiana e até do Amazonas. Apesar de tudo isso, não podemos reclamar da falta de material nos setores de urgência e emergência, temos também uma enorme UTI [Unidade de Tratamento Intensivo] neonatal e uma equipe grande e qualificada. A superlotação é uma realidade, mas ninguém morre ali dentro por falta de assistência obstétrica”, garantiu.

Durante a entrevista, Eugênia também falou sobre os futuros obstetras e a falta de qualificação em Roraima. “A maternidade também evoluiu na questão didática. Hoje temos oito residentes atuando com os profissionais da saúde e aprendendo obstetrícia. Mesmo assim, um dos problemas do Estado é a falta de um programa de qualificação para os profissionais locais dentro das universidades. Esse problema é sanado parcialmente pela sociedade representativa, que traz cursos, palestras, congressos, jornadas, que qualificam o obstetra para atender em todos os sentidos, tanto na rede privada quanto na rede pública”, disse.

Em Boa Vista, mais de 3 mil gestantes fazem acompanhamento pré-natal

A realização do pré-natal representa papel fundamental em termos de prevenção e detecção precoce de patologias, tanto maternas como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos da gestante, conforme informativo publicado no site do Ministério da Saúde. Esclarecimentos sobre as diferentes vivências devem ser trocadas entre as mulheres e os profissionais de saúde. Essa possibilidade de intercâmbio de experiências e conhecimentos é considerada a melhor forma de promover a compreensão do processo de gestação.

Em Boa Vista, de acordo com a prefeitura, o acompanhamento pré-natal é realizado pelo médico e enfermeiro durante as consultas na Unidade Básica de Saúde e na visita domiciliar. As gestantes mantêm rotina de exames, avaliação clínica e orientações. Hoje, o município faz o acompanhamento pré-natal de 3.085 gestantes.

O município dispõe ainda de profissionais ginecologistas no Centro Municipal de Tratamento e Prevenção do Câncer de Colo e Mama Silvana Helena Souza Gomes, no bairro Olímpico, zona Oeste da capital. Quando há necessidade de um atendimento especializado com o obstetra, a gestante é encaminhada para o Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth ou o Centro de Referência da Mulher.

Como é feito e quando começar o pré-natal?

O ideal é que a mãe inicie as consultas no primeiro trimestre, conforme informou a médica obstetra Eugênia Glaucy, assim que confirmar a gravidez. Em média, uma gestação dura quarenta semanas. Inicialmente, as consultas do pré-natal devem ser mensais, depois passam a ter intervalos menores, dependendo de cada caso. Com a proximidade do parto, as visitas ao médico devem ser semanais. Após esse período, a gestante precisa ser acompanhada pelo obstetra a cada dois ou três dias.

Nas primeiras consultas do pré-natal são feitos alguns exames básicos, que de uma maneira geral são: grupo sanguíneo, hemograma, glicemia, pesquisa de toxoplasmose, rubéola, sífilis, fezes e urina. Os exames do pré-natal permitem identificar doenças, infecções ou disfunções, como hipertensão, anemia, infecção urinária e doenças transmissíveis de mãe para filho através do sangue, como a AIDS e a sífilis.

“A sífilis sempre será uma grande preocupação, mas hoje se perguntarem a mim qual seria a maior preocupação de todas, eu diria que é o Zika Vírus. É preciso muita atenção e isso deve começar com os cuidados dentro de casa. A microcefalia foi muito repercutida e continua sendo um problema sério. A mãe, principalmente, deve estar atenta”, ressaltou Eugênia.

Durante o pré-natal, a mulher também recebe informações para ter uma gravidez saudável, como a importância de seguir uma dieta balanceada para não ganhar peso em excesso, praticar atividades físicas e evitar o vício do álcool e do cigarro. (C.C)

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