O Ministério da Educação (MEC) abriu consulta pública sobre alterações no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), na manhã de ontem. Qualquer pessoa pode opinar no site inep.gov.br até o dia 10 de fevereiro. Logo em seguida, o MEC deverá publicar o edital do Exame de 2017.
O Enem é aplicado durante dois dias. No primeiro, são 45 questões de múltipla escolha de Ciências Humanas e Ciências da Natureza. No segundo, 45 questões de Linguagens e Matemática, mais a redação. Por causa do horário de verão, em Roraima os portões fecham às 11h. A prova dura 4h30 no primeiro dia e 5h30 no segundo.
Agora, o MEC pergunta se o Enem pode ser aplicado em apenas um dia, com 5h30 de duração e menos questões, ou se mantém em dois dias. Há opções de as provas continuarem aos sábados e domingos, ou mudarem para domingo e segunda (que seria considerada feriado estudantil) ou em dois domingos. A aplicação do Enem pelo computador também é perguntada. No final, há um espaço para sugestões. Basta preencher o nome completo, o e-mail e o CPF para acessar o formulário.
OPINIÕES – A candidata ao curso de Medicina, Letícia Praia de Oliveira, 20 anos, que tenta o Enem há cinco, concorda com a mudança para um dia, desde que se reduza o número de questões. Ela disse que não consegue dormir com qualidade na noite anterior ao exame por causa da ansiedade.
A situação piora, segundo ela, com o horário de verão na época do exame, que faz com que os roraimenses precisem sair de casa antes de almoçar. Ela toma um café reforçado e leva lanche, mas teme perder muito tempo comendo e indo ao banheiro, evitando fazê-los.
Durante a aplicação, ela resolve primeiro as questões sobre Linguagens e Ciências Humanas e também a redação. Mas quando já está terminando, o cansaço e a fome são fortes. “É muito cansativo fazer o Enem. E é a cada dia mais e mais difícil por causa do Sisu [Sistema de Seleção Unificada], em que pessoas de outros estados com educação melhor do que a daqui do Norte peguem nossas vagas. Acabamos tendo que nos dedicar mais para poder fazer uma pontuação maior do que a deles”, comentou Letícia acrescentando que prefere que a prova continue sendo no papel para evitar fraudes.
Mariana da Cunha, de 19 anos, tentará Medicina pela primeira vez. Antes, havia testado seu desempenho no vestibular ainda no 2º ano do ensino médio. Sentiu dores de cabeça, fome e muito cansaço no final dos dois dias de prova. Por isso, prefere que o Enem mude para um único dia e que reduza a quantidade de questões. “Nosso cérebro é uma máquina, não concordo com a relação de tempo e questão. Além disso, o pessoal de outros estados leva vantagem porque consegue almoçar antes”, afirmou.
Fernanda Ketlen, de 17 anos, escolheu o curso de Direito. Também será sua segunda vez no Enem, porque na primeira estava testando a prova ainda no 2º ano do ensino médio. Para ela, apenas um dia de prova será mais complicado do que dois. Ela trabalha, vai à escola e faz cursinho preparatório, considerando que sua rotina cansativa a deixa em desvantagem em relação a quem tempo livre para estudar. “Se no primeiro dia tivermos ido mal, pensamos: ‘poxa, não fui tão bem. Amanhã vou me esforçar mais’”.
Sobre realizar a prova pelo computador, ela não vê problema porque já resolveu simulados online e a prova de habilitação do Departamento de Trânsito (Detran). “Mas quem não tem possibilidade nem chance de saber computação vai se enrolar e demorar mais. É melhor que continue sendo no papel”, opinou. (NW)