Apesar de ter amargado o 3º lugar entre os Estados com maior número de bebês com microcefalia da região Norte, Roraima fecha 2016 com estabilidade nos registros da doença. Trinta e cinco casos foram notificados desde o ano passado. Destes, 13 foram confirmados, mas apenas um teve a relação com o zika vírus, comprovado em laboratório. Outros 14 foram descartados e um continua sendo investigado.
A maioria dos casos ainda se concentra na Capital, Boa Vista, com 19 ocorrências. O restante está em Caracaraí (3), Rorainópolis (3), Cantá (2) e Uiramutã (2). As informações são do Registro de Eventos em Saúde Pública (Resp), do departamento da Secretaria de Estado de Saúde (Sesau), cuja última atualização é do dia 5 de novembro.
Já a Prefeitura de Boa Vista informa apenas 9 casos de microcefalia no município, sendo apenas um deles comprovadamente com ligação ao zika vírus. Em 2015, apenas um bebê com a má-formação havia sido registrado no Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) e sem relação com o vírus.
TRATAMENTO – A Secretaria Municipal de Saúde de Boa Vista presta apoio às pacientes ainda durante a gestação por meio das Equipes de Estratégia de Saúde da Família, que fazem o exame pré-natal, avaliações, orientações e todo o acompanhamento de médicos, enfermeiros e agentes comunitários. As grávidas que ainda não realizaram estes procedimentos são encaminhadas pela Vigilância em Saúde do Município se tiverem a suspeita de contaminação do zika vírus.
Identificando a microcefalia na gravidez ou após o nascimento, através da medição do tamanho da cabeça do bebê, o município oferece o Hospital da Criança Santo Antônio e o Centro de Prevenção de Câncer de Colo e Mama Silvana Helena Souza Gomes como apoio. Nestes locais atuam profissionais de diversas áreas na chamada Estimulação Precoce: fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, pediatra, neurologista, que monitoram a evolução da criança e indicam tratamentos específicos.
O Saúde da Família está presente em todos os municípios de Roraima. Mas para algumas especialidades, ainda é preciso contar com o Estado. Mesmo assim, a técnica do Núcleo de Ações Programáticas de Saúde da Criança, da Sesau, Valentina Vieira, credita a estabilidade nos registros de microcefalia às parcerias do Estado com os municípios e as organizações civis.
Por meio do Fórum da Rede Cegonha, espaço de discussões entre estas entidades, estratégias de atenção às mães e seus bebês foram aperfeiçoadas. Os serviços de apoio constituem uma rede de atendimento integral.
Mas, segundo Valentina Vieira, ainda não existe um tratamento específico para a microcefalia, e sim diagnósticos individuais. A partir deles, é definida a rotina de consultas da criança, bem como se ela precisará de remédios e cirurgias.
“Com menos de 28 dias de nascimento, a criança recebe encaminhamento pelo Estado para realizar cirurgias. Com mais de 28 dias, a responsabilidade do encaminhamento passa para o município. Mas esta situação só é autorizada após as avaliações na rede básica da Saúde da Família”, informou. A técnica da Sesau comentou que a Estimulação Precoce ainda é desafiadora para a Secretaria. “Muitos profissionais só são encontrados na Capital e temos crianças com a má-formação no interior de Roraima”, disse.
Para ampliar a rede, a Sesau planeja, para o primeiro trimestre de 2017, capacitar profissionais nos municípios para atenderem as crianças microcefálicas. “Estamos só esperando os novos gestores assumirem para então sabermos que especialistas serão disponibilizados”, esclareceu. (N.W)
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A primeira suspeita de microcefalia por zika vírus no Estado foi na Capital, Boa Vista, no dia 13 de janeiro deste ano. Um menino que havia nascido no dia 3 do mesmo mês tinha apenas 32 centímetros de perímetro encefálico (o contorno da cabeça). Para o Ministério da Saúde, a microcefalia acontece quando o recém-nascido tem a cabeça deste tamanho ou menor. A mãe do bebê teve suspeita de zika no quinto mês da gravidez.
Desde então, Roraima começou a registrar casos e ficou atrás do Amazonas e do Tocantins no ranking de Estados com ocorrências da doença em bebês.
A microcefalia é uma doença rara em que o crânio do bebê tem um tamanho menor que o do normal, comprometendo suas funções intelectuais e motoras e gerando morte prematura em muitos casos. Apesar de ter ficado conhecida por causa do zika vírus, ela pode ser causada por infecções de outras bactérias e vírus, além de uso de drogas por parte dos pais e até pela exposição a elementos radioativos.
Ainda assim, para evitar ter um bebê com a má-formação, é recomendado que os pais evitem a gravidez nos períodos de surto do zika vírus, que usem repelentes, e que eles e o restante da população não deixem água parada nem lixo acumulado. “Fazer o exame pré-natal é importante também, pois uma simples febre pode ser sinal de contaminação pelo zika”, alerta Valentina Vieira. (N.W)