Um golpe aplicado por meio de ligações telefônicas feitas a famílias de pacientes internados em Unidades de Tratamento Intenso (UTIs) de hospitais públicos e particulares tem se tornado frequente no Brasil. A ação criminosa foi registrada em Roraima depois que familiares de pessoas internadas em hospitais de Boa Vista receberam contato de criminosos que se passam por funcionários e solicitam depósito de quantias em dinheiro para suposta realização de exames e custeio de medicamentos.
Em agosto, a fraude foi denunciada por acompanhantes de pacientes do Hospital Geral de Roraima (HGR), quando a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) alertou que a unidade de saúde é pública e que todos os seus serviços são prestados à população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita. Nesta semana, a direção do Hospital Unimed de Boa Vista denunciou que o golpe também vem sendo aplicado a familiares de pacientes internados na UTI daquele hospital.
A prática é bem comum em grandes centros do país, aplicada com mais frequência na rede pública devido ao momento de fragilidade de familiares diante das dificuldades que o setor enfrenta para prestar atendimento adequado. No entanto, em São Paulo, o hospital israelita Albert Einstein e o Sírio-Libanês, dois grandes hospitais privados, já haviam relatado casos de vítimas desse tipo de golpe. Outros aplicados em unidades públicas são comumente noticiados.
O médico cooperado da Unimed, Wirlande da Luz, disse que no hospital foram registrados três casos e que as providências para alertar pacientes e familiares já foram adotadas. Nenhuma das famílias chegou a cair no golpe porque, antes de qualquer atitude, procuraram a administração do hospital. “Eles agem no momento em que as famílias estão emocionalmente fragilizadas com o parente internado na UTI”, comentou.
Wirlande da Luz explicou que os criminosos ligam e dizem aos familiares que são da direção do hospital e que é necessária a aquisição de determinado medicamento supostamente em falta. Durante a falsa negociação, as vítimas são informadas que certa quantia deve ser depositada em conta bancária. Em um dos contatos, foram informadas a uma família, três contas diferentes para que um valor de R$ 3 mil, por exemplo, fosse depositado de maneira fracionada, sendo R$ 1 mil em cada uma.
“Isso não faz sentido porque a medicação e os exames para os pacientes internados na Unimed são custeados pelo plano de saúde”, disse ao frisar que toda família e paciente de UTI estão sendo orientados por psicólogos e assistentes sociais sobre os ricos de golpe, e que o hospital não faz ligações solicitando dinheiro para pagar medicamentos ou exames.
Segundo ele, foi aberto processo administrativo na Unimed para saber como os números de telefones de familiares vazaram. Frisou que o hospital tem uma equipe de profissionais que atua há dez anos e que possui acesso apenas ao nome do paciente. “Até que se prove o contrário, são pessoas idôneas e especialistas na área de UTI”, disse. (A.D).