Devido à demanda de indígenas que desejam fazer graduação e, além destes, os que querem fazer uma especialização ou mestrado, a Secretaria Estadual do Índio (SEI), por meio do Departamento de Políticas Indígenas (DPI), e a Universidade Estadual de Roraima (UERR) estão dialogando para a construção de um espaço destinado aos indígenas.
O diretor do DPI, Alfredo Silva, ressaltou o caso da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que já implementou o Insikiran, com vagas para todos os cursos de graduação. “Os índios já disputam o vestibular igualmente entre eles. Trabalhamos para criar um espaço semelhante dentro da UERR”, disse. Alfredo explicou que será criado um convênio entre a SEI e a UERR, para definir os cursos que serão abertos e qual modalidade será adotada, se o processo seletivo comum ou o sistema de cotas.
Conforme levantamento realizado pelo DPI, nos últimos cinco anos, o crescimento pela procura de vagas para curso de graduação cresceu de 1.480, em 2010, para 4.560, em 2015. Os números levam em conta o contingente de clientela indígena formado por alunos, ingresso de curso de professores de ensino médio e profissionais indígenas da área de saúde, agropecuária e segurança pública.
Silva disse que também é considerada a localização da clientela, habitantes tanto nos territórios indígenas, como também nos principais núcleos urbanos como Boa Vista, Pacaraima, Vila Brasil, no Amajari, Alto Alegre, Normandia, Bonfim, Caroebe, Uiramutã e Cantá. “Queremos trabalhar a inserção social dos indígenas, queremos dar essa oportunidade”, enfatizou o pró-reitor de ensino da UERR, Sérgio Matheus.
Ele explicou que a ideia é trabalhar a reserva no número de vagas, como se trabalha com as pessoas com deficiência. No entanto, ele disse que o problema das políticas de inserção nas universidades estaduais é que depende da lei, o que ainda não existe em Roraima.
O que ocorre é que a Lei de Cotas restringe a aplicação da política de cotas sociais às universidades e institutos federais. A maioria das instituições fica fora das políticas do Governo Federal, a não ser que o estudante utilize o Sistema de Seleção Unificada (SISU), quando passa a aderir ao sistema de cotas da União. As entidades já estão trabalhando o Plano de Desenvolvimento Institucional para discussão da adoção do sistema de uma política pública interna.
Matheus informou que a instituição quer fazer diferente do que foi feito há anos, quando limitou o acesso dos indígenas às licenciaturas. “Queremos ampliar o acesso a todos os cursos, independente de ser bacharelado, incluindo os cursos tecnológicos que serão inaugurados no ano que vem. Se ele quiser entrar no curso de Direito, Enfermagem ou Administração, ele tem a política que permite o acesso para concorrer entre os pares”, disse. (A.G.G)