Quando questionada pela preferência em disciplinas no colégio, a resposta tem peso na Matemática. Contudo, foi em razão do Português que a aluna do 9º ano da Escola Estadual Euclides da Cunha, Deborah Alves, foi selecionada para representar Roraima na semifinal das Olimpíadas de Língua Portuguesa, que começa hoje e se encerra na sexta-feira, 11, em Porto Alegre (RS). Com a crônica “Uma questão de segundo”, ela é uma das 125 estudantes selecionadas na categoria.
A crônica aborda a situação dos imigrantes que tentam ganhar dinheiro nas ruas de Boa Vista. A professora Adineia Viriato, que foi selecionada junto com a aluna, acredita que o texto tenha sido o mais envolvido com o tema nas etapas municipal e estadual. Durante o evento, ambas irão participar de outras oficinas, como fotografia, leitura por escrita e produção de novas crônicas.
“Como estaremos separados, haverá um momento em que todos os 125 alunos vão mandar novas crônicas para que nós, professores, possamos conhecer os textos e dar opiniões sobre melhorias”, disse. Conforme a professora, o propósito da melhoria é enfatizar a leitura e a escrita, mas também incentivar que os alunos percebam o meio em que vivem.
Adineia ressaltou que o ponto alto foi explicar aos alunos para perceberem o que acontece ao redor. “O olhar diferenciado que gera a crônica. A percepção que ela teve da pessoa que estava limpando o pára-brisa pode ser uma coisa de dez segundos, mas se desenvolveu com detalhes que, quando você para pra ler, você se dá conta que aquilo existe”, ressaltou a coordenadora pedagógica Adriana Trentin.
A estudante Deborah, de 14 anos, explicou que decidiu falar dos imigrantes que se encontram nas ruas pela frequência com que aparecem. “É quase impossível não notar. Eles chegam aos carros pedindo dinheiro e isso não deve ser comum”, enfatizou. Apesar de não ter experiência com o gênero, Deborah disse que está praticando e que pretende continuar escrevendo.
“Às vezes vejo uma coisa rápida, fico pensando, chego em casa e escrevo. Se deixar, eu fico horas”, disse. Em relação ao tema “O Lugar Onde Vivo”, a estudante disse ter boas expectativas. “Como aqui é uma cidade pequena, as coisas que acontecem, como pessoas na rua, as pessoas de outros estados maiores já estão acostumados, e nós aqui não, ainda mais sendo estrangeiros”, frisou.
A professora disse que está confiante com o texto, uma vez que o caso retratado passou a ser rotineiro, mas que não era. Para Adineia, Deborah transformou o que tem sido um ponto polêmico na cidade. “Estamos construindo outros textos e eu aconselho que ela continue com o foco na questão social. Nossa cidade está mudando de cenário, quando parávamos no trânsito não havia gente no chão, fazendo malabares. Daqui a cinco anos qual o impacto que isso vai causar?”, questionou.
OLIMPÍADA – Na semifinal, a aluna terá que desenvolver uma nova crônica com o tema que será conhecido na hora da oficina, em Porto Alegre. Uma vez classificada, ambas participarão da final que será realizada em dezembro, em Brasília. Lá, os cinco textos vencedores receberão medalha, um notebook e uma impressora, tanto para o aluno, quanto para o professor.
“A escola também ganhará um kit com dez computadores, uma impressora, um projetor, tela de projeção e livros de literatura, assim como o reconhecimento nacional. A escola Euclides da Cunha está na torcida para que elas sejam classificadas”, destacou a coordenadora da instituição que as selecionadas fazem parte, Wiusilene Rufino. (A.G.G)
Dois estudantes participam da Feira Nacional de Ciências
João Roberto Júnior e Amanda Mesquita, alunos do 9º ano da Escola Estadual Euclides da Cunha, foram selecionados para participar da 22ª Feira Nacional de Ciência Jovem, que será realizada de 9 a 11 deste mês, em Olinda (PE). Os estudantes foram os vencedores da 23ª Feira de Ciências de Roraima (Fecirr), na categoria ensino fundamental II com o projeto ambiental Permacultura, tendo como orientadora a professora Suelen Galvão, que também participará da etapa nacional.
Suelen explicou que a turma pela qual ficou responsável decidiu trabalhar o reaproveitamento e a utilização de novas energias. Apesar da falta de vontade, ela disse que após a explicação de que se trata de um sistema que tem um conjunto filosófico e de reaproveitamento, os alunos começaram a estudar e a desenvolver mais senso crítico. “A permacultura em si é utilizar o máximo de recursos do ambiente, degradando o mínimo”, ressaltou.
E a iniciativa de mobilizar o colégio a participar da causa atingiu novos ares quando a professora percebeu que os alunos estavam discutindo mais entre si e levando as questões para casa. Ela explicou que os pais chegaram a se mobilizar junto aos filhos. O aluno João Roberto, de 16 anos, explicou que, por se tratar de um ambiente sustentável, a escola se mobilizou para construir a horta e o sistema de reutilização da água do ar-condicionado, que hoje é usada para regar as plantas.
“No começo não me mudou em nada, mas depois que eu estudei mais a fundo, percebi que era bom. Estou muito ansioso para ir e feliz com a viagem para uma etapa nacional. É a primeira vez que participo dessa fase”, frisou o estudante. Suelen destacou que um aluno do oitavo ano já foi convocado a participar do projeto, para que a discussão continue e que possam melhorar não só o ambiente escolar, mas criar nos alunos a ideia de que nem tudo no mundo é descartável e de que é preciso utilizar as coisas de forma sustentável, sem prejudicar mais do que o necessário.
“Fico feliz com a seleção. Estamos com grandes expectativas por ser um tema novo. Então, o máximo que pudermos dar de visibilidade é interessante, é uma filosofia de vida, cada coisa inserida no cotidiano é um ganho”, disse a professora de história Suelen Galvão. Apesar da diferença de área, ela contou estar sendo produtivo trabalhar com um tema tão envolvido com a ciência. “Se pensarmos, ao longo da história, o uso desmedido dos recursos naturais vem causando problemas”, relatou. (A.G.G)