A vacina contra a dengue foi criada para prevenir a manifestação do Aedes aegypti. Como o vírus da dengue é incurável, ela foi feita tetravalente com vírus atenuados, ou seja, protegendo os quatro sorotipos de dengue existentes. Em Roraima, a expectativa nas clínicas era de que a população fosse atrás da prevenção. Contudo, quase três meses após a chegada da vacina, a procura ainda está precária.
A administradora de uma clínica particular na Capital, Ana Lúcia Lopes, foi uma das que esperava uma procura maior pela divulgação que foi feita pela clínica onde trabalha. “A expectativa era que seria bem maior a procura, como foi a da vacina contra a gripe. Mas, até o momento, não obtivemos muito retorno”, relatou. Até o momento, apenas seis vacinas foram aplicadas.
Para a pneumopediatra Luciana Albuquerque, a baixa procura pode estar relacionada ao conhecimento, uma vez que a vacina é recente. Além disso, ela também atribui a causa à divulgação do Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme relato da médica, quando a vacina contra a catapora foi liberada, há mais de 15 anos, ninguém sabia da liberação ou sequer foi atrás da informação. Após o anúncio do SUS, foi notória a procura nas unidades hospitalares.
“As pessoas acham que só devem tomar vacina quando o SUS anuncia, mas não deve ser assim”, relatou. Segundo Luciana, a vacina contra a dengue é uma prevenção em longo prazo, aplicada em três doses, com intervalo de seis meses entre cada uma. A vacina é indicada para pacientes entre nove e 45 anos. Segundo estudos lançados, a eficácia da vacina é de 66% em pacientes dentro da faixa etária.
De acordo com Ana Lúcia, se qualquer pessoa que não estiver incluída na faixa etária estabelecida quiser tomar a vacina, deve se dirigir ao médico para que seja feita uma avaliação e o profissional faça o encaminhamento. Apesar de poder causar efeitos colaterais, como dores de cabeça, febre e indisposição, a administradora relatou que não houve nenhum efeito colateral em nenhuma das pessoas que tomaram a vacina.
Em Roraima, cada dose da vacina custa, em média, R$ 260,00. No caso de a pessoa não tomar as três doses, ela apenas não ficará totalmente imunizada. Apesar do preço, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que nos últimos 50 anos a dengue aumentou em 30 vezes e tornou-se endêmica em 128 países. A doença atingiu o ápice em 2015, quando o Brasil teve uma das piores epidemias da história, com 1,6 milhão de casos. (A.G.G)