Os cerca de 200 trabalhadores do Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima (Mafirr), junto ao Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Urbanas do Estado de Roraima (Stiurr), decidiram, na manhã de segunda-feira, 26, que entrarão de greve a partir do dia 10 de outubro se o salário da categoria não for pago até o quinto dia útil do mês.
Isso porque o pagamento de setembro, que deveria ter sido repassado no dia 5 deste mês, não foi pago. Segundo o diretor financeiro do Stiurr, João do Povo, os trabalhadores também estão reivindicando a ampliação do Vale Alimentação e a melhoria das refeições fornecidas aos trabalhadores que, conforme relato, estão em condições irregulares para o consumo humano.
No que diz respeito ao vale, o diretor financeiro sindical informou que o majoritário da empresa é o mesmo da Companhia Energética do Estado de Roraima (Cerr) e da Companhia de Água e Esgoto de Roraima (Caer), o Governo do Estado. Contudo, enquanto os servidores da Cerr e Caer recebem um vale de R$ 570,00, os do Mafirr receberam a proposta de R$ 160,00. “Na reunião, eles chegaram oferecendo esse valor, mas a categoria não aceitou e nem vai. Eles observam que está havendo desigualdade”, frisou.
Em relação às condições das refeições, João do Povo explicou que não há um profissional da área alimentícia para definir o que será consumido, e que o almoço é baseado em frango, arroz e macarrão, sem temperos ou outras opções. Segundo ele, os frangos chegam entre 10h30 e 11h para a comida estar pronta ao meio-dia, no horário em que os servidores descem do abate.
“As cozinheiras se esmeram exageradamente para preparar uma refeição que possa contemplar as necessidades deles, mas o tempo é pouco e às vezes fica quase cru. Também não tem verduras ou legumes para enriquecer”, disse. A situação se repete no café da manhã. Como os trabalhadores entram às 5h, a empresa tem que fornecer o café, que se resume a pão e café preto. “Às vezes tem uma manteiga e mortadela, mas não há frutas, sucos ou outras opções”, frisou.
O diretor financeiro do Stiurr relatou que os trabalhadores do Mafirr estão revoltados com as circunstâncias e a falta de respeito para com eles. O sindicalista explicou que o gerente é quem determina o que deve ser feito para o café e almoço, mas que ele não possui conhecimento de nutrição ou de culinária, não tendo, portanto, qualificação para ser o responsável.
O diretor informou que há uma ação judicial protagonizada pelo Ministério Público do Trabalho em Roraima (MPT-RR) para que as providências sejam tomadas, mas que o desrespeito com os trabalhadores continuam.
“Diante disso, não restou alternativa aos trabalhadores a não ser lançar mãos aos instrumentos disponíveis que têm, para demonstrar o seu descontentamento através de um ato grevista”, disse.
MPT – A Folha entrou em contato com o Ministério Público do Trabalho, a fim de saber como está o andamento da ação judicial. No entanto, até o fechamento desta matéria não obteve resposta.
CODESAIMA – A Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima) informou à Folha, por meio de nota, que não foi notificada oficialmente sobre paralisação de atividades no Mafirr e, no que diz respeito às refeições oferecidas, esclareceu, por meio da Diretoria Operacional, que as refeições oferecidas diariamente aos trabalhadores do matadouro, inclusive aos sábados e domingos para os plantonistas, “atendem as necessidades nutritivas e são de qualidade”.
Conforme o diretor operacional, Rosivaldo Oliveira, o cardápio foi criado a partir de critérios nutricionais que garantem uma alimentação saudável e adequada ao tipo de atividades do abatedouro. Conforme a nota, todos os dias os funcionários têm uma alimentação diferente, tanto no café da manhã como no almoço.
Informou que, no café da manhã da segunda-feira são servidos café, leite, 260 pães, margarina, mortadela e sopa de carne. Na terça-feira: café, leite, pão, margarina e molho de cachorro quente. Na quarta-feira: café, leite, pão, margarina e queijo. Na quinta-feira: café, leite, pão, margarina e ovos fritos. Na sexta-feira, é oferecido café, pão, leite, margarina e molho de cachorro quente. Aos sábados e domingos é servido aos plantonistas café, leite e pão.
De acordo com a nota, há um cardápio diferente a cada dia para os almoços. Na segunda-feira: arroz, feijão farinha e frango guisado. Terça-feira: arroz, feijão, farinha, macarrão e linguiça de frango. Na quarta-feira: arroz, feijão, farinha, macarrão e frango frito. Na quinta feira: arroz, feijão, farinha, macarrão, salada cozida e calabresa frita. Na sexta-feira: arroz, feijão, farinha, macarrão, salada e peixe frito. Aos sábados e domingos são fornecidos arroz, feijão, tempero, verduras e carne frita.
“Todos os dias tem salada, suco e sobremesa como frutas e goiabada”, informou a nota, que também declarou que o diretor disse que a Codesaima garante uma alimentação nutritiva e diária para os servidores. “Cumprimos nossos compromissos com fornecedores e fazemos de tudo para que os funcionários fiquem bem alimentados para suportar o trabalho pesado do Mafir. E na hora da refeição não é feita nenhuma restrição aos trabalhadores que podem se servir à vontade”, destacou. (A.G.G)