Moradores da comunidade Nova Vida, no bairro São Bento, na zona Oeste, pedem a melhoria da via de acesso para os bairros Centenário e Cinturão Verde. A utilizada atualmente, a Rua Sobral, é inapropriada, pois alaga quando chove, é coberta de lixo e não tem iluminação. O fluxo de pessoas que se dirigem a estes bairros é grande, principalmente em busca de atendimento médico, uma vez que o posto de saúde ainda não foi concluído, além de ter somente uma escola.
O comerciante Antônio Moura comentou que já faz doze anos que a comunidade luta pela pavimentação e iluminação da Rua Sobral. Ele disse que o posto de saúde do bairro Raiar do Sol recebe muitas pessoas do São Bento. As crianças também estudam nas duas vizinhanças e sofrem de micoses durante o inverno, uma vez que o trajeto improvisado é cercado por um mato alto.
Outra pessoa que mora naquela rua, o pedreiro Geldemi Pereira da Silva, afirmou que há uma ladeira na esquina de sua casa que provoca enxurrada em dias de chuva, fazendo com que mais pessoas precisem pegar a Rua Sobral. A maioria dos seus vizinhos tem pelo menos uma bicicleta para se locomover, pois andar a pé no período chuvoso é arriscado, pois há trechos que atolam.
A professora Cláudia Rolim, sua vizinha, enumera mais problemas: pouca iluminação, o que favorece assaltos, e a quantidade de lixo despejado na via, aumentando a dificuldade. “O pessoal joga até bicho morto. Nem todo mundo é que nem a gente. Eu pego o meu lixo e levo para a casa do meu sogro no [bairro] Caranã, onde há coleta frequente”, disse.
A moradora sugere à Prefeitura a construção de ponte sobre os igarapés próximos à Rua Sobral. Quanto à ida para os outros bairros, ela não vê muita dificuldade, pois leva menos de dez minutos para chegar ao colégio para onde leva as crianças no seu serviço de condução escolar. Esse é o mesmo tempo para chegar ao posto de saúde do Centenário.
PREFEITURA – A equipe de fiscalização da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) prometeu fazer uma vistoria para análises técnica e jurídica da situação da Rua Sobral, a fim de verificar se é possível abrir uma via no local.
A Prefeitura de Boa Vista diz que retomou a construção da Unidade Básica de Saúde do bairro São Bento, que estava paralisada por causa do atraso no repasse de recursos federais. Informou que atualmente os moradores do São Bento frequentam as unidades dos bairros Centenário, Raiar do Sol, Nova Cidade e Senador Hélio Campos.
Sobre a limpeza pública, a última coleta foi em agosto, de acordo com o calendário de coleta seguido em todo o município. “É dever da população manter as ruas limpas. As pessoas que jogarem lixo nas vias podem ser multadas pelas equipes de fiscalização de Gestão Ambiental, que fazem rondas constantes nos bairros da cidade”, frisou.
Conforme frisou, jogar lixo nas ruas gera multas previstas pelo Código de Posturas do Município, e o ato pode ser denunciado gratuitamente no número 156, da Central de Atendimento, que funciona 24 horas, incluindo nos finais de semana.
“Ainda assim, é possível pedir que entulhos e galhadas sejam recolhidos pela Secretaria Municipal de Economia, Planejamento e Finanças. Há duas opções: o site boavista.saatri.com.br e o endereço físico da Secretaria, rua Coronel Pinto, nº 188, Centro. Quem despeja galhadas em via pública paga taxa de R$ 40 e quem precisa de carrada para recolher entulhos paga R$ 120,00”, destacou.
OCUPAÇÃO – O bairro São Bento surgiu em 13 de janeiro de 2005. Apelidado de “invasão Brigadeiro”, recebeu este nome dos invasores por causa da patente do governador na época, Ottomar de Sousa Pinto.
Conforme já publicado pela Folha, em janeiro deste ano, a homenagem se deu para que a comunidade fosse oficializada como bairro. Deu certo: o ex-governador desapropriou a antiga proprietária, a Diocese de Roraima, declarando uma Área de Interesse Social e conseguindo verbas federais para a construção de casas populares para os primeiros moradores.
No entanto, muitas pessoas começaram a vender as casas construídas pelo governo, gerando um crescimento desordenado. Até hoje, as mais de 1.500 famílias do bairro têm pouco acesso a serviços de luz e água, não sendo possível cavar poços artesianos, uma vez que um pedaço do São Bento fica em cima da antiga lixeira pública de Boa Vista. (NW)