Cotidiano

Hábito de guardar moedas em cofres dificulta troco no comércio

Gerente relatou que prejuízo, por falta de troco, gira em torno de R$ 30 a R$ 40 por dia

A escassez de moeda no Estado de Roraima tem causado problemas no setor comercial, principalmente em relação ao troco. Em um levantamento feito pela Folha em supermercados e pequenos comércios de Boa Vista, foi constatado que na maioria dos estabelecimentos são oferecidos bombons em vez de moedas como opção de troco ao consumidor.

Para a fiscal de caixa Andréia Araújo, essa situação é agoniante e comum, já que a falta de moedas nos caixas é realidade em todos os estabelecimentos comerciais que frequenta. “Às vezes não tem um centavo na gaveta do caixa. Quando isso acontece, fazemos o possível para atender o cliente”, relatou. A fiscal informou que as moedas saem muito rápido onde trabalha.

Conforme relato da fiscal, em diversos momentos do dia as atendentes de caixa perguntam aos clientes se os mesmos têm moeda para facilitar na hora do troco, mas a resposta é quase unânime. “Eles dizem que é para o cofre do filho”, frisou.

Apesar da ausência, Andréia disse que semanalmente recebem clientes que trocam moeda por cédula. “Hoje mesmo um cliente veio trocar R$ 150 em moeda”, ressaltou.

Gerente em um supermercado, José Moura afirmou que é preferível optar por perder alguns centavos ou até valores maiores para satisfazer o cliente e evitar futuros transtornos. Moura relatou que como as pessoas costumam guardar moeda no cofre, falta moeda no mercado. “A produção não atende à demanda também. Nos bancos, nós procuramos a troca e eles trocam quando tem, mas até lá acaba”, disse.

Hoje, dentro do comércio que gerencia, gira em torno de R$ 30,00 a R$ 40,00 o prejuízo diário por falta de troco em moeda. “Você não pode oferecer um produto, então tem que ceder ao cliente”, declarou. Por sorte, segundo o gerente, corriqueiramente consumidores vão ao estabelecimento trocar moedas por cédulas, apesar de informar que está se tornando um comércio a troca de moedas. “Normalmente, R$ 50,00 em moeda eu compro por R$ 60,00, porque é a oferta deles e supre a nossa necessidade”, relatou.

Duas a três vezes por semana, consumidores se dirigem ao supermercado para realizar a troca. “Já vieram trocar R$ 500,00 e até R$ 1.000,00”, frisou. O gerente disse que a única ação que já tentou desenvolver foi pagar valores a mais, na troca de R$ 10,00 em moeda o cliente levava R$ 12,00, por exemplo.

Apesar do prejuízo, Moura afirmou que é a melhor maneira de prevenir-se de notificações. “Às vezes o cliente não aceita cinco centavos de bombom e a gente tem que dar a moeda que tem, mesmo sendo de 50 centavos ou um real. Vale mais a pena perder R$ 2,00 aqui e evitar uma notificação ou algo mais grave lá na frente”, ressaltou.

BANCO CENTRAL – Conforme noticiado pela FolhaWeb em março deste ano, o Banco Central estima que 850 milhões de reais estejam parados em cofrinhos, gavetas, porta-trecos e cinzeiros de carros Brasil afora. Ao todo, são 7,2 bilhões em moedas que estão fora de circulação, o equivalente a 4,5 anos de produção da Casa da Moeda. Repor esse estoque custaria 1,8 bilhão de reais. (A.G.G)

Coletora de moedas é instalada em Boa Vista

A máquina Catamoeda é um equipamento que permite aos consumidores depositarem suas moedas e trocarem-nas por células, sendo o depósito mínimo de R$ 5,00. Apesar de poder ser instalada em qualquer estabelecimento, a máquina está disponível no Hiper DB, localizado na avenida Getúlio Vargas, no Centro.

Para a Folha, a tesoureira Cláudia Vânia disse que o equipamento funciona como um cofre inteligente, conferindo todas as moedas e armazenando-as separadamente de acordo com seu valor. “As pessoas colocam a moeda e sai um comprovante, ela leva o papel para o caixa e recebe o dinheiro”, informou. Apesar de ser eficiente ao comércio, a tesoureira disse que é rara a utilização da Catamoeda.

Para o consumidor, a máquina vem como uma oportunidade de trocar as moedas estocadas em casa. Já para o varejista, é uma solução para a geração de troco, já que a falta de moedas no mercado é um fator que impacta diretamente nos resultados do setor. A Catamoeda tem capacidade para contabilizar 90 moedas por minuto. (A.G.G)

Empresário guarda moedas com intuito de investimento

O empresário Diomar Filho é uma das centenas de pessoas do Estado de Roraima que tem o costume de guardar moedas em cofres. À Folha, ele relatou que começou a segurar as moedas há cerca de seis meses, mas que as troca por cédulas no comércio local constantemente. Durante este tempo, ele disse que já tem o total de R$ 800,00 guardados.

Filho afirmou que já conseguiu atingir cerca de R$ 1.200,00 e que o objetivo principal da atitude hoje é comprar materiais de construção no final deste ano. “Comecei a guardar moedas porque observei que sempre tinha moedas em todos os cantos. No carro e em casa eu sempre tenho moedas”, relatou. Dessa vez, o empresário informou que pretende alcançar R$ 3 mil para realizar sua compra.

Apesar da iniciativa com moedas, Diomar Filho ressaltou que tem consciência de que guardar o dinheiro pode comprometer a economia e, por esse motivo, procura trocá-las por cédulas. “Falta moeda no comércio e isso prejudica. É muito difícil alguém fazer compras com moedas na bolsa”, frisou. (A.G.G)